Washington - O julgamento do ex-presidente americano Donald Trump no processo sobre o 6 de Janeiro foi marcado para 4 de março do ano que vem, na véspera da chamada Super Terça, dia mais importante das primárias - processo em que o partido escolhe seu candidato à Presidência.

O ex-presidente já acumula, no total, 91 acusações contra si - isso sem contar os processos civis
O ex-presidente já acumula, no total, 91 acusações contra si - isso sem contar os processos civis | Foto: Brendan Smialowski/AFP

A decisão foi divulgada pela juíza Tanya Chutkan nesta segunda (28). A data escolhida é posterior ao que fora pedido pela Procuradoria, que queria um julgamento em janeiro, e muito antes do desejado pela defesa de Trump, que havia solicitado abril de 2026, em uma tentativa de protelar o processo.

O caso, que tramita na Justiça federal, trata das supostas tentativas do republicano de reverter sua derrota nas eleições de 2020 para o democrata Joe Biden. A denúncia foi apresentada em 1º de agosto pelo conselheiro especial do Departamento de Justiça Jack Smith.

Já há um outro julgamento de Trump previsto para março (no dia 25), na Justiça de Nova York, onde ele é acusado de pagar a atriz pornô Stormy Daniels para que ela não revelasse durante a campanha de 2016 um suposto caso entre os dois. Esse pagamento teria sido maquiado nos registros oficiais das contas do empresário.

As acusações no processo do 6 de Janeiro são quatro: conspiração para defraudar os EUA, conspiração contra direitos, conspiração para obstruir um procedimento oficial, e obstrução e tentativa de obstrução de um procedimento oficial.

Trump afirma estar sendo perseguido politicamente por Smith, uma vez que o Departamento de Justiça está sob o guarda-chuva do governo Biden.

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Um processo semelhante corre na Justiça estadual da Geórgia, mas com foco nas supostas ações tomadas para reverter o resultado eleitoral apenas neste Estado, onde Trump perdeu por uma diferença de 0,2 ponto percentual.

Em uma ligação por telefone vazada, ele pede a uma autoridade do Estado que "encontre" cerca de 12 mil votos - o necessário para reverter o placar a seu favor.

A procuradora Fani Willis, que lidera este caso, se baseou em uma legislação de combate ao crime organizado conhecida como Rico para fazer a denúncia. Além de Trump, há outros 18 réus.

Na semana passada, eles se apresentaram em uma cadeia em Atlanta, onde o republicano teve sua fotografia tirada - a famosa "mugshot". Ele é o primeiro ex-presidente americano a ter um registro do tipo. A proposta da procuradoria é que o julgamento ocorra em outubro deste ano, mas foi aceita pela Justiça apenas para um dos réus, que havia pedido um processo rápido. Ainda não há data para o julgamento de Trump neste caso.

Há ainda um quarto processo contra Trump, que tramita na Justiça federal, por ter supostamente guardado consigo documentos secretos após deixar a Casa Branca. Também ainda não há data prevista de julgamento.

O ex-presidente já acumula, no total, 91 acusações contra si - isso sem contar os processos civis, como um por difamação movido pela jornalista E. Jean Carroll, que acusa Trump de tê-la estuprado nos anos 1990, e outro por fraude empresarial.

Ele afirma ser inocente em todos os quatro processos. Como não há instrumento similar à Lei da Ficha Limpa nos EUA, os processos não afetam o pleito de Trump de concorrer outra vez.