Washington - A dez dias de tomar posse, Donald Trump foi sentenciado nesta sexta-feira (10) no caso da atriz pornô Stormy Daniels, em Nova York. Esta fase confirma a condenação criminal determinada por um júri no ano passado, que o considerou culpado de 34 acusações de falsificação de registros comerciais para encobrir pagamentos à atriz.

O republicano escapou da prisão e do pagamento de multa, mas se tornará o primeiro presidente dos Estados Unidos condenado criminalmente a assumir a Casa Branca.

A sentença, lida pelo juiz Juan Merchan, dá uma "dispensa incondicional" a Trump. Na prática, o presidente eleito não precisará cumprir nenhuma pena, mas o processo tem um efeito simbólico ao sacramentar a condenação e dar um desfecho ao caso.

O crime de falsificação de registros comerciais é punível com até quatro anos de prisão, sem que a detenção seja obrigatória. Antes mesmo de o republicano ser eleito, porém, especialistas já diziam que dificilmente ele receberia uma pena dura por não ter histórico criminal e pela idade avançada (78 anos).

Agora, a defesa tem 30 dias para apresentar um recurso à sentença do magistrado, mas num esforço que dificilmente vai vingar.

Trump participou da audiência desta sexta por videoconferência e reiterou sua inocência. Em uma fala de quase cinco minutos, o republicano afirmou que esta tem sido uma experiência ruim e um retrocesso para o Judiciário de Nova York, segundo repórteres que acompanharam a sessão na corte.

Ele ainda se referiu a Michael Cohen, seu ex-aliado, a testemunha-chave do caso por ter confirmado ter feito pagamento a Daniels, de desacreditado. Cohen era chamado no passado de "pitbull de Trump".

Alguns apoiadores do republicano foram até as redondezas do tribunal de Manhattan protestar contra a condenação, relatou o jornal “The New York Times”.

Seus advogados tentaram bloquear até o último momento a leitura da sentença, para evitar o constrangimento semanas antes de o republicano se tornar presidente. Havia também a expectativa de segurar a confirmação da condenação até Trump tomar posse; uma vez no cargo, ele não pode ser processado.

A cartada final dos advogados foi recorrer à Suprema Corte nesta semana. O tribunal mais alto do país, porém, rejeitou a solicitação da defesa do republicano de impedir a leitura do processo e, na prática, anular a sentença.

Ainda assim, os advogados do presidente eleito conseguiram postergar em meses esta fase do processo, que estava marcada para julho do ano passado.

Trump foi declarado culpado em maio de 2024, quando um júri popular o condenou por 34 acusações de fraude entendendo que ele tentou acobertar os pagamentos à ex-atriz pornô Stormy Daniels na tentativa de comprar o seu silêncio e esconder uma relação extraconjugal. A tentativa de suborno teria ocorrido às vésperas das eleições de 2016, em que Trump venceu Hillary Clinton, para evitar que o caso atrapalhasse a disputa.