São Paulo - Patricia Bullrich, terceira colocada na corrida presidencial da Argentina, declarou nesta quarta-feira (25) apoio ao candidato ultraliberal Javier Milei. Ele disputará o segundo turno contra o governista Sérgio Massa, ministro da Economia do atual presidente, Alberto Fernández.

Segundo o jornal “La Nation”, Bullrich se reuniu na noite de terça (24) com Milei e com o ex-presidente Mauricio Macri, de quem é aliada e correligionária, para sacramentar a aliança. A expectativa é que Bullrich, que terminou o primeiro turno com 23,8% dos votos, impulsione a candidatura do ultraliberal numa tentativa de derrotar o kirchnerismo.

Para conseguir o apoio da candidata macrista, Milei ofereceu a ela o Ministério da Segurança em um eventual governo. O ultraliberal disse ainda que "ficaria encantado" se ela assumisse o cargo.

LEIA TAMBÉM:

+ Ultraliberal vai disputar o segundo turno contra o governista Sérgio Massa

"Se ela quisesse se juntar, como eu não a incorporaria? Ela foi bem-sucedida na luta contra a insegurança", afirmou, referindo-se ao desempenho de Bullrich como ministra da área no governo Macri (2015-2019).

Após a votação do primeiro turno, Milei deu um giro em seu discurso, indicando que buscaria uma aliança com a coalizão de Bullrich, a Juntos pela Mudança, para o segundo turno.

Analistas, no entanto, não veem como automática a transferência de votos da terceira colocada para um lado ou para outro e divergem quanto a quem sairá na frente nesta nova disputa - embora indiquem que o pêndulo está a favor de Massa.

O governista superou o favoritismo de Milei e obteve 36,7% dos votos válidos nas urnas, contra 30% do libertário, que aparecia na frente na maioria das pesquisas e frustrou a expectativa de seus apoiadores de vitória no primeiro turno.

Enquanto o ministro da Economia deve atrair o voto mais racional contra um candidato com propostas radicais como a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e a implementação de um sistema de educação pública baseado em vouchers, Milei pode reter os eleitores que estão cansados de 20 anos das mesmas forças políticas, principalmente do kirchnerismo.

Para ganhar as eleições, Milei tem feito até mesmo acenos à esquerda, afirmando que incorporaria esse grupo caso vença o segundo turno, marcado para o dia 19 de novembro.

"Nós teremos o Ministério de Recursos Humanos. Em alguns aspectos das áreas que entram dentro dessa pasta, as pessoas que mais sabem são de esquerda", disse o candidato em entrevista à rádio El Observador.