Estudantes da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte realizaram ontem um protesto contra a brutalidade policial
Estudantes da Universidade da Carolina do Norte em Charlotte realizaram ontem um protesto contra a brutalidade policial | Foto: Nicholas Kamm/AFP



Charlotte (EUA) - As cidades norte-americanas de Charlotte (Carolina do Norte) e Tulsa (Oklahoma) tiveram protestos na noite de terça-feira (20) e madrugada de quarta (21) após homens negros serem mortos pela polícia em dois casos, um em cada cidade.
Em Charlotte, 12 policiais ficaram feridos em protestos contra o assassinato de Keith Lamont Scott, de 43 anos, morto por um policial, anunciaram as autoridades locais nesta quarta-feira (21). Segundo a imprensa local, vários civis também ficaram feridos. Os manifestantes se reuniram no fim da noite de terça-feira (20) em uma área de Charlotte, onde o homem foi morto, com cartazes com a frase "A vida dos negros importa" e gritos de "Sem justiça não há paz". E ontem, um grupo de estudantes da Universidade da Carolina do Norte, em Charlotte, saiu às ruas para protestar contra a brutalidade policial.
O Departamento de Polícia de Charlotte-Mecklenberg escreveu no Twitter que cerca de 12 oficiais ficaram feridos e um deles foi atingido no rosto com uma pedra. Em outra mensagem, a polícia afirma que os agentes foram "feridos esta noite quando trabalhavam para proteger nossa comunidade durante uma manifestação".

CONFUNDIDO
O agente responsável pela morte, Brentley Vinson, foi suspenso de suas funções até a conclusão de uma investigação administrativa. Vinson integrava um grupo de agentes que tinha mandato para deter um suspeito. Keith Scott, que não era a pessoa procurada, estava dentro de um veículo em um estacionamento e, segundo a polícia, com uma arma de fogo. A discussão entre o homem e os policiais ficou tensa e o agente, que disse ter se sentido ameaçado por Scott, abriu fogo e matou Scott. A família de Scott, no entanto, afirmou que a vítima não carregava nenhuma pistola, e sim um livro, quando foi morto. Uma de suas filhas afirmou que Scott estava esperando pelo filho.
A explicação da polícia não convenceu os manifestantes, que iniciaram os protestos por meio de convocação pelas redes sociais. A primeira ação dos manifestantes foi bloquear a rodovia 85, uma importante via interestadual dos Estados Unidos.
A polícia diz que recolheu uma arma no local da morte e que está entrevistando testemunhas.
A prefeita da cidade, Jennifer Roberts, pediu calma à população. "A comunidade merece respostas e acontecerá uma investigação profunda", escreveu no Twitter.

FACEBOOK
Uma mulher, que afirmou ser filha de Scott, contribuiu para incentivar os protestos ao mandar o seguinte recado pelo Facebook antes de saber do tiroteio: "A polícia acabou de filmar o meu pai quatro vezes por ser negro". O vídeo já foi visto por mais de meio milhão de vezes.
O temor da polícia em relação à possibilidade do ressurgimento dos protestos decorre de uma outra versão sobre a morte de Keith Scott, que vem sendo espalhada pelas redes sociais. De acordo com essa versão, divulgada por uma irmã de Keith Scott, a vítima estava desarmada, lendo um livro e esperando um filho que ia chegar em um ônibus escolar, quando foi abordada pela polícia, que atirou.

OKLAHOMA
Em Tulsa, centenas se manifestaram na frente da sede da polícia pedindo a demissão de Betty Shelby, a policial que matou a tiros Terence Crutcher, de 40, na sexta-feira (16). Vídeos feitos por câmeras no carro e no helicóptero da polícia mostram o confronto.
A policial diz que Crutcher não seguiu instruções e parecia estar tentando pegar um revólver no bolso. A família diz que ele estava com as mãos para cima e não ameaçava os policiais. O caso está sob investigação.
A tensão racial aumentou nos Estados Unidos nos últimos dois anos por uma sucessão de abusos e atos de violência da polícia, que terminaram com a morte de homens negros, desarmados na maioria dos casos.