Bruxelas, Bélgica - O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, 55, foi internado numa unidade de tratamento intensivo nesta segunda-feira (6), informou o governo britânico.

Imagem ilustrativa da imagem Sintomas de coronavírus pioram, e Boris Johnson vai para UTI
| Foto: Tolga Alkmen/AFP

Diagnosticado com Covid-19 há mais de dez dias, o premiê havia se isolado em casa. Com febre e tosse persistentes, foi internado na noite deste domingo (5) no hospital Saint Thomas, em Londres.

O estado de Boris piorou ao longo da segunda e ele foi transferido para a UTI "para o caso de precisar de ventilação". Segundo comunicado da assessoria às 16h30 (horário do Brasil), ele estava consciente.

O secretário de Relações Exteriores (equivalente a ministro), Dominic Raab, que já coordenara reuniões nesta segunda, pode assumir o governo se o premiê se afastar - algo que ele vinha se recusando a fazer na última semana, apesar da doença.

Primeiro chefe de governo de um dos principais países do mundo a contrair o coronavírus, Boris Johnson resistiu a adotar restrições mais drásticas para conter a pandemia no Reino Unido.

Em meados de março, quando a Itália já havia decretado quarentena e aulas haviam sido suspensas em vários países europeus, o britânico criticou a medida e disse que ela era desnecessária e antiprodutiva.

Nos cálculos feitos então pelo governo, deixar sem aulas por um mês seus 7 milhões de alunos poderia reduzir 3% de seu Produto Interno Bruto, já que muitos trabalhadores teriam que ficar em casa para cuidar das crianças.

A estratégia inicial, defendida pelo principal conselheiro científico de Boris, Patrick Vallance, era tentar atingir a "imunidade de rebanho". A ideia era que, se o vírus circulasse entre a população e uma parcela grande dela adquirisse imunidade (entre 60% e 70%, segundo epidemiologistas), a transmissão seria bloqueada, porque a chance de encontrar alguém imune seria muito maior que a de cruzar com um doente e ser contaminado.

Após alertas de cientistas de algumas das melhores universidades britânicas de que sem controle do contágio o sistema de saúde entraria em colapso e as mortes poderiam chegar a 250 mil no país, ele passou a acelerar restrições.

Pediu a idosos e casos suspeitos que se isolassem, recomendou o trabalho remoto e, no dia 20 do mês passado, fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias e anunciou a suspensão das aulas.

A quarentena, com proibição de reuniões de mais de duas pessoas nas ruas e multa para quem saísse de casa sem justificativa, só veio no final de março.

A noiva de Boris, Carrie Symonds, 32, que está grávida, disse no sábado que havia passado a semana na cama com sintomas de coronavírus, mas que se sentia melhor após sete dias de descanso.