Washington - O Serviço Secreto voltou a ser foco de críticas nos EUA após Donald Trump ser alvo de uma nova tentativa de assassinato no domingo (15) enquanto jogava golfe em West Palm Beach, na Flórida.

Agentes identificaram uma pessoa com um fuzil antes que o atirador pudesse efetuar disparos, mas o fato de o suspeito Ryan Wesley Routh ter conseguido chegar tão perto do ex-presidente, entre 360 e 460 metros, renovou os questionamentos sobre a atuação da agência.

Routh foi acusado formalmente nesta segunda (16) por dois crimes: posse de arma de fogo (ilegal para pessoas com ficha criminal, como é o caso dele) e por ter uma arma de fogo com um número de fabricação apagado. Ele foi detido pela polícia após tentar uma fuga de carro. Estava com um fuzil AK-47 e uma câmera GoPro..

"Uma coisa que eu quero deixar clara é que o Serviço [Secreto] precisa de mais ajuda, e eu acho que o Congresso precisa responder às necessidades se eles de fato precisam de mais pessoal", afirmou o presidente Joe Biden nesta segunda (16).

O Serviço Secreto já é alvo de uma força-tarefa formada por deputados, que investigam a falha que permitiu que um homem atirasse contra Trump, atingindo de raspão a orelha do empresário, durante um comício em Butler, na Pensilvânia, em 13 de julho.

O republicano Mike Kelly, que coordena o grupo, e o democrata Jason Crow divulgaram uma nota conjunta em que afirmam ter solicitado um briefing com a agência sobre o novo ataque.

A quantidade de agentes que acompanham Trump foi ampliada após o primeiro ataque, mas o número ainda é inferior ao contingente que faz a segurança de um presidente em exercício. "Se ele fosse [o atual presidente], nós teríamos cercado todo o campo de golfe", exemplificou o xerife Ric Bradshaw, do condado de Palm Beach, durante uma coletiva no domingo. "Mas, como ele não é, a segurança é limitada às áreas que o Serviço Secreto julga possíveis", completou.

Segundo a imprensa norte-americana, Routh operava uma empresa de construção de galpões. O suspeito morou na Carolina do Norte a maior parte da vida, antes de se mudar para o Havaí, em 2018. Era lá que ele comandava a empresa, ao lado do filho.

Routh votou nas primárias do Partido Democrata, de Joe Biden e Kamala Harris, em março deste ano. Ele também doou cerca de US$ 100 (R$ 563) para a plataforma ActBlue, que processa doações à sigla.

Ele fez publicações no X em julho sobre o atentado sofrido por Trump naquele mês. Ele pediu que Biden e Kamala visitassem os feridos. "Você e Biden deveriam visitar os feridos no hospital e comparecer ao funeral do bombeiro assassinado. Trump nunca fará nada por eles".

O suspeito também era apoiador da Ucrânia na guerra contra a Rússia. "Estou disposto a voar para Cracóvia e ir para a fronteira da Ucrânia para ser voluntário, lutar e morrer... Posso ser o exemplo? Devemos vencer", disse Routh em uma postagem no X em março de 2022.

Routh tem um histórico de problemas com a Justiça e a polícia, segundo a imprensa norte-americana. Em 2002, ele foi preso após fugir armado de uma blitz da polícia. Já foi processado por atrasar impostos e também já teria sido condenado em vários outros processos civis.

RECURSOS

O presidente Joe Biden disse que vai garantir que o Serviço Secreto tenha "todos os recursos" para fazer a segurança de Trump após ele ser supostamente alvo de uma nova tentativa de assassinato.

Biden declarou estar aliviado por Trump ter saído ileso. No domingo, o republicano foi retirado às pressas de um campo de golfe na Flórida quando um agente do Serviço Secreto viu o cano de um fuzil surgir do buraco de uma cerca.

Presidente diz que orientou equipe para que o Serviço Secreto tenha todos os recursos necessários para fazer a segurança contínua de Trump. "Não há lugar para violência política ou qualquer violência em nosso país", acrescentou Biden em comunicado divulgado pela Casa Branca.