Rússia usa 236 mísseis e drones no maior ataque da Guerra da Ucrânia
O ataque vinha sendo esperado desde o sábado (24), quando a Ucrânia comemora sua independência da União Soviética, em 1991
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segunda-feira, 26 de agosto de 2024
O ataque vinha sendo esperado desde o sábado (24), quando a Ucrânia comemora sua independência da União Soviética, em 1991
Igor Gielow - Folhapress
São Paulo - A Rússia de Vladimir Putin lançou nesta segunda (26) o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde que lançou a invasão do país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022. Foram empregados, segundo Kiev, 236 mísseis e drones contra alvos em 15 regiões.
A conta é do presidente Volodimir Zelenski, que gravou uma mensagem de vídeo. Segundo a Força Aérea de Kiev, foram abatidos 102 de 127 mísseis, além de 99 de 109 drones. Não há como confirmar isso de forma independente.
Antes, o recorde de emprego dessas armas pelos russos de uma só vez havia sido em dezembro passado, com 158 mísseis e drones. A ação envolveu 11 bombardeiros estratégicos Tu-95MS, ao menos um caça MiG-31K, além de lançamentos de terra e do mar Negro.
Foi usada quase toda a gama que Moscou tem despejado sobre a Ucrânia, uma média de 26 ataques diários desde o começo da guerra, segundo Kiev divulgou na semana passada.
O ataque foi concentrado em mísseis de cruzeiro Kalibr, Kh-59, Kh-101 e Kh-22, além de um balístico Iskander-M e um hipersônico Kinjal. Também foram empregados drones suicidas derivados do iraniano Shahed-136.
Do ponto de vista tático, houve um misto de ações segundo analistas militares russos: drones desarmados voaram em enxames inicialmente, atraindo a defesa aérea. Esgotada a primeira onda, vieram drones armados e, depois, mísseis.
O ataque vinha sendo esperado desde o sábado (24), quando a Ucrânia comemora sua independência da União Soviética, em 1991. Putin costuma ordenar ataques com impacto político. A data virou uma espécie de símbolo da resistência contra a invasão russa.
Moradores que iam para o trabalho na hora do rush correram para as profundas estações de metrô da era soviética da capital. Houve falta de energia e de água em vários bairros da cidade, situação que se multiplicou por todo o país.
Em Sumi, de onde foi lançada a surpreendente invasão ucraniana da região meridional russa de Kursk há três semanas, quase toda a província ficou sem luz. Até aqui, as baixas humanas parecem ter sido relativamente reduzidas: foram ao menos cinco mortos em quatro regiões.
Como ocorreu em outras ocasiões, o ataque acendeu o alerta nos países vizinhos. Na Polônia, um dos mais belicosos membros da aliança militar ocidental Otan, caças foram ao ar durante a ação e as Forças Armadas locais disseram que ao menos um drone caiu por acidente em seu território. Não há relato de danos.
O Ministério da Defesa russo confirmou alguns detalhes da ação, afirmando ter empregado armas de precisão contra ao menos três centrais de compressão de gás e subestações elétricas.
Também foram atacados depósitos de armas e campos de aviação no oeste do país, próximo da fronteira polonesa, onde Kiev esconde seus ativos mais importantes, como mísseis de cruzeiro Storm Shadow e os novos caças F-16.
O Kremlin não relacionou o bombardeio à crise em Kursk. Sobre ela, o porta-voz Dmitri Peskov apenas disse que a resposta de Moscou ainda virá.