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Repressão no Irã em meia a protestos avança sobre mulheres jornalistas

Ao menos 18 mulheres jornalistas foram presas pelas autoridades do país que enfrenta série de protestos após morte da jovem Mahsa Amini

ATUALIZAÇÃO
15 de outubro de 2022

Folhapress
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GUARULHOS, SP - A repressão do regime teocrático do Irã em meio a protestos que já duram um mês tem mirado também profissionais da imprensa. Ao menos 18 mulheres jornalistas foram presas pelas autoridades, segundo monitoramento de uma ONG especializada no tema. A cifra agrava a dianteira do Irã como país que mais encarcera jornalistas mulheres, de acordo com a Coalizão para Mulheres no Jornalismo, de Nova York. Ao todo, 38 estão detidas no país, seguido por três autocracias: China (16), Belarus (10) e Mianmar (9).Outros monitoramentos paralelos corroboram o cenário de assédio judicial e a tentativa de asfixiar a liberdade de imprensa no país do Oriente Médio.

Até a última segunda (10), o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) havia relatado 40 prisões de profissionais da imprensa em meio aos recentes protestos. A onda de mobilização, uma das maiores desde a Revolução de 1979, teve início após a morte da jovem curda Mahsa Amini, de 22 anos, quando estava sob custódia da polícia moral do país. Detida em Teerã por supostamente não usar o hijab, o véu islâmico, da maneira correta, ela foi levada para uma delegacia e, dali, foi para o hospital. O regime alega que Amini morreu em decorrência de um problema cardíaco, versão que a família e ativistas contestam - ela teria sido vítima de agressões dos agentes. O pai da jovem afirma que foi impedido de ver o relatório da autópsia do corpo da filha.

Manifestantes iranianos protestam em uma rua na cidade de Zahedan contra a morte de Mahsa Amini após sua prisão pela polícia moral em Teerã por supostamente descumprir o rígido código de vestimenta da república islâmica para mulheres
 

Desde a morte de Amini, em 16 de setembro, centenas de protestos, majoritariamente liderados por mulheres, vêm sendo conduzidos em diferentes partes do país. Os atos ganharam volume e força à medida que estudantes e universitárias se somaram à mobilização. O regime tem minimizado os atos e manifestantes. O líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, disse nesta sexta (14) que nenhum cidadão deve pensar que poderá abalar a cúpula no poder. Ele comparou o regime a uma árvore inabalável: "Aquela muda é uma árvore poderosa, e ninguém deve ousar pensar que pode arrancá-la".

Uma das jornalistas presas desde o início da mobilização é Niloofar Hamedi, especializada em direitos das mulheres e repórter do jornal Al Sharq. Ela foi uma das primeiras profissionais da imprensa a detalhar o caso da morte de Amini para o público. Mohammad Ali Kamfirouzi, seu advogado, informou no último dia 22 que agentes da inteligência iraniana invadiram a casa de Hamedi, confiscaram pertences e a prenderam. Ela ainda não foi formalmente acusada, mas está sendo mantida em uma solitária na prisão de Evin. O estopim teria sido a publicação de uma foto dos pais de Amini chorando no hospital onde a filha havia sido internada. A conta no Twitter da jornalista, pouco depois, apareceu como suspensa.

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