Bruxelas, Bélgica - A Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA) divulgou que foram relatados no país até 21 de março 22 casos de trombose do seio venoso cerebral (CVST) e 8 de trombose com plaquetas baixas entre 18,1 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca administradas até aquela data.

Imagem ilustrativa da imagem Reino Unido relata 30 casos de trombose e endossa vacina de Oxford
| Foto: Loic Venance/AFP

Segundo a agência, a incidência dos acidentes vasculares não é maior que o esperado, com base nas informações disponíveis até agora, "os benefícios das vacinas contra Covid-19 continuam a superar quaisquer riscos", por evitar doenças graves e mortes provocadas pelo coronavírus.

A Covid-19 já causou mais de 126 mil mortes no Reino Unido, e as taxas de infecção e hospitalização ainda são consideradas altas.

A MHRA não recebeu relatos de casos dessa trombose rara entre vacinados com o imunizante da Pfizer/BioNTech --aplicada em cerca de 12 milhões de pessoas -, mas investigou reações alérgicas graves após o uso dessa vacina. A conclusão foi a de que elas eram muito raras e semelhantes às encontradas em relação a qualquer imunizante.

"Pessoas com histórico anterior de reações alérgicas graves a qualquer ingrediente da vacina não devem recebê-la, e as pessoas que recebem a vacina devem ser monitoradas por pelo menos 15 minutos depois", diz a orientação da MHRA.

Ambos os produtos continuam a ser recomendados para adultos de qualquer faixa etária. Na Europa, onde foram relatados 44 casos de acidente vascular entre 9,2 milhões de pessoas vacinadas com o imunizante da AstraZeneca, países como Suécia, Alemanha e França determinaram que ela seja usada apenas em idosos.

Segundo a agência regulatória europeia, porém, não há evidências de que os acidentes vasculares graves sejam causados pela vacina nem de que idade ou sexo sejam fatores de risco. O órgão também manteve a recomendação de uso em todos os adultos.

No Reino Unido, até 21 de março a MHRA havia recebido 40.883 "cartões amarelos" (aviso de suspeita de efeito colateral) para a Pfizer/BioNTech e 99.817 para Oxford/AstraZeneca, o que equivale a 3 e 6 cartões por 1.000 doses administradas, respectivamente.

"O número e a natureza das suspeitas de reações adversas notificadas até agora não são incomuns em comparação com outros tipos de vacinas usadas rotineiramente", afirmou o órgão britânico.

A vacina Pfizer/BioNTech foi avaliada em ensaios clínicos com mais de 44.000 participantes, nos quais as reações adversas mais frequentes foram dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça, mialgia (dores musculares), calafrios, artralgia (dores nas articulações) e febre; cada um deles foi relatado em mais de 1 em cada 10 pessoas, segundo a MHRA.

As reações adversas foram notificadas com menos frequência em adultos mais velhos (com mais de 55 anos) do que em pessoas mais jovens.

A vacina de Oxford/AstraZeneca foi avaliada em ensaios clínicos com mais de 23.000 participantes, e as reações adversas notificadas com mais frequência foram sensibilidade no local da injeção, dor no local da injeção, cefaleia, fadiga, mialgia, mal-estar, febre, arrepios, artralgia e náuseas; cada um deles foi relatado em mais de 1 em cada 10 pessoas.

Foram mais ligeiras e menos frequentes entre os que tinham 65 anos ou mais, e as reações após a segunda dose foram mais leves e menos frequentes do que após a primeira dose.

Em ambos os casos, a maioria das reações adversas foram de gravidade ligeira a moderada e geralmente resolvidas alguns dias após a vacinação.

No Brasil, onde a vacina da AstraZeneca é o principal imunizante do governo federal, não há até o momento relatos de acidentes vasculares semelhantes em pessoas vacinadas.

Os eventos adversos considerados graves registrados no Brasil no primeiro mês de campanha de vacinação contra o coronavírus representam 0,007% das doses aplicadas no período, mostra um relatório divulgado pelo Ministério da Saúde. Até agora não há confirmação de que eles tenham relação com os imunizantes.

A grande maioria dos efeitos adversos suspeitos notificados até aqui não são graves. Os casos mais frequentes são de dor de cabeça, dor em geral e dor muscular (mialgia), além de febre, náusea e diarreia.