BAURU, SP (FOLHAPRESS) - A boa reputação de Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, em grande parte conquistada por sua resposta à pandemia de coronavírus, ganhou mais pontos nesta segunda-feira (25).

Um terremoto atingiu a capital do país, Wellington, enquanto a premiê neozelandesa dava uma entrevista ao vivo a uma emissora de TV.

"Só estamos tendo um pequeno terremoto aqui. Uma chacoalhada bem decente. Se você vê as coisas se mexendo atrás de mim, [é porque] o Beehive [prédio do Parlamento] se mexe mais que a maioria dos lugares", disse Ardern, sorrindo e acenando para a câmera.

O terremoto de magnitude 5,8 na escala Richter foi sentido por cerca de 37 mil pessoas em Wellington e outras cidades próximas pouco antes das 8h, no horário local. Três horas depois, pelo menos 45 tremores secundários também foram registrados, com magnitude de até 4,4.

De acordo com o site GeoNet, que monitora atividades sísmicas na Nova Zelândia, o epicentro do terremoto foi localizado 30 km a noroeste da cidade de Levin, próxima da capital.

Após cerca de 15 segundos em que é possível ver o movimento da câmera devido ao terremoto, Ardern continou sorrindo.

"Sim, acabou de parar. Estamos bem. Eu não estou embaixo de nenhum lustre, este parece ser um lugar estruturalmente sólido."

Mais tarde, a primeira-ministra informou que não houve registro de danos ou pessoas feridas.

Os neozelandeses estão habituados com os terremotos devido a posição geográfica do país, situado na região conhecida como "Círculo de Fogo do Pacífico", marcada por intensa atividade sísmica e vulcânica. De acordo com o GeoNet, a Nova Zelândia tem cerca de 20 mil terremotos por ano, embora nem todos sejam percebidos pela população.

Em 2011, um terremoto de magnitude 6,3 causou 185 mortes na cidade de Christchurch. Em 2016, houve duas mortes e prejuízos bilionários após um terremoto de magnitude 7,8 na cidade de Kaikoura.

O vídeo da primeira-ministra viralizou nas redes sociais e se somou aos elogios sobre sua postura em relação às crises enfrentadas pela Nova Zelândia.

Por sua reação à pandemia de coronavírus, Ardern tem sido frequentemente elogiada pela imprensa internacional. A revista americana The Atlantic se referiu a ela como "possivelmente a líder mais eficaz do planeta". O Financial Times a chamou de "Santa Jacinda".

Até esta segunda-feira (25), a Nova Zelândia registrou 1.504 casos e 21 mortes por coronavírus, de acordo com a universidade americana Johns Hopkins.

Os números relativamente baixos em comparação com outros países são atribuídos à rígidas medidas de restrição para conter a propagação do vírus no país.

Atualmente, a Nova Zelândia está no nível 2 em uma escala de restrições que vai de 1 a 4, sendo o nível 4 o mais restrito. Do final de março até o final de abril, fronteiras e comércio ficaram fechados no país e as pessoas foram obrigadas a permanecer em casa.

Nesta segunda, a premiê anunciou que vai se reunir com membros do governo no dia 8 de junho para reavaliar as configurações do nível 2 e, em 22 de junho, vai examinar se o país pode passar para o nível 1, em que quase não há restrições.

A postura de Jacinda também tem rendido a ela bons frutos políticos. Em pesquisa divulgada na semana passada, a premiê foi considerada a mais popular dos últimos cem anos na Nova Zelândia.

Os números da pesquisa apontam 59,5% de aprovação para a primeira-ministra, 56,5% para seu partido, o Trabalhista, de centro-esquerda, e 92% de apoio às rigorosas medidas de isolamento adotadas no país.