Associated Press
De Viena
O líder da extrema direita austríaca, Joerg Haider, cujo partido chegou ao poder pela primeira vez desde o pós-guerra, declarou ontem que a população de seu país não tem de ficar preocupada com com o isolamento internacional, pois a nova coalizão no poder logo provará suas intenções democráticas.
Mas a formação de um governo integrado pelo Partido da Liberdade, de Haider, e o conservador Partido Popular Austríaco (OEVP) continua provocando violentos protestos de rua nas cidades austríacas.
Mais de 50 pessoas, entre as quais 43 policiais, foram feridas nos violentos confrontos na noite de sexta-feira para sábado num elegante distrito comercial no centro da capital austríaca. A polícia usou jatos d’água e gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 200 manifestantes que atiravam pedras e coquetéis molotov. Grupos antidireitistas planejavam novos protestos ontem em Bregenz, Salzburg, Graz e Steyr.
‘‘Sim para a liberdade de opinião e o direito de manifestação. Não à violência’’, declarou Haider à agência austríaca APA, ao comentar os distúrbios em seu país esta semana. Ele definiu os manifestantes como ‘‘esquerdistas que não aceitam decisões democráticas’’.
Embora Haider esteja fazendo um grande esforço para moldar uma imagem de democrata, o comentário soou irônico, já que ele ganhou notoriedade internacional por ter feito campanha contra os imigrantes e destacado aspectos positivos do regime nazista – pelo qual nunca disfarçou sua simpatia.
Em represália à inclusão da extrema direita no poder, os outros 14 membros da União Européia (UE) adotaram na sexta-feira, dia da posse do governo, três sanções para isolar politicamente o país: suspensão das relações políticas, veto a todas as aspirações austríacas a cargos internacionais e redução dos contatos com os embaixadores austríacos a um nível meramente técnico. Os Estados Unidos e Israel retiraram seus embaixadores de Viena.
Joerg Haider, recordou ontem que as decisões dos conselhos de ministros da UE são tomadas com unanimidade, e que os votos dos ministros de seu partido FPOe eram, por isso, indispensável. ‘‘A política da UE é determinada unicamente nos conselhos de ministros, onde as decisões devem ser adotadas de forma unânime’’, declarou, em entrevista à agência austríaca APA. ‘‘A UE se acostumará com o fato dos liberais (como ele denomina seu partido) participarem nos conselhos de ministros’’, prosseguiu. Depois pediu que a Áustria não se deixe desestabilizar por medidas de sanção da UE, as quais considera ‘‘não significativas’’.
O presidente da Áustria, Thomas Klestil, pediu ontem ao presidente em exercício da União Européia (UE), Antonio Guterres, uma suavização das sanções européias em qualquer questão relativa à UE, segundo a presidência. ‘‘Os 14 sócios europeus da Áustria aceitaram examinar essa solicitação’’, diz o comunicado.
Segundo a presidência austríaca, o presidente da comissão européia, Romano Prodi, disse na sexta-feira por telefone a Klestil que ‘‘as medidas dos 14 Estados membros da UE em relação à Áustria não vão restringir as atividades nem a cooperação com a Áustria dentro das instituições da UE’’.A formação de um novo governo integrado por extremistas de direita continua provocando violentos protestos nas cidades austríacas
France PresseConfrontoPolícia reprimiu com violência manifestantes esquerdistas durante os protestos na noite de sexta-feira