Agência Estado
De Roma
‘‘Deus não nos pede nunca o que não podemos fazer, ao contrário, nos dá a força para fazer o que espera de nós’’, disse João Paulo II ontem. A frase foi interpretada como uma resposta a quem, preocupado por seu frágil estado de saúde, sugere que renuncie.
Depois de ter provocado polêmicas e fortes reações no clero e nas autoridades políticas italianas por suas declarações a respeito de uma possível renúncia do papa, o presidente da conferência episcopal alemã e bispo de Magonza, monsenhor Karl Lehmann, afirmou que suas palavras foram mal interpretadas.
Lehmann disse que o jornalista da rádio de Berlim ‘‘Deutschlandfunk’’ para quem havia feito tais declarações, deu uma interpretação completamente errada de suas palavras. ‘‘Foi um equívoco’’, declarou à tevê italiana ontem afirmando que na entrevista havia dito, ao contrário, que durante o sínodo dos bispos da Europa – em outubro, quando encontrou o santo padre, o viu em boas condições.
‘‘Eu disse apenas que se fosse necessário, e ninguém de fora pode prevê-lo, o papa poderia até renunciar, que a igreja oferece – na fé e no direito, essa possibilidade. Mas pode-se ao menos dizer, não?’’
Equívoco ou não, diante das declarações e das enormes reações às palavras do bispo alemão, se reabre o debate sobre as condições de saúde de João Paulo II – cansado e com dificuldades de se locomover e de falar. E com ele as discussões sobre a sucessão e os rumos que tomará a Igreja Católica: centralismo ou colegialidade na administração da Igreja Católica, como propõe o episcopado alemão? (A.V.)