Lisboa - Em uma grande operação na manhã de quinta-feira (9), as autoridades migratórias de Portugal prenderam três pastores evangélicos brasileiros por suspeita de tráfico humano e de auxílio à imigração ilegal.

O trio, dois homens e uma mulher, usaria a estrutura da igreja para convencer brasileiros a se mudarem para Portugal com promessas de trabalho e de auxílio à regularização, o que acabava não acontecendo.

Uma vez em território português, os imigrantes passavam a morar - mediante pagamento de aluguel que podia chegar a 300 euros (cerca de R$ 1.360) - em um alojamento anexo ao templo. As famílias viviam em divisões improvisadas, em condições precárias.

Além de pagarem para viver no espaço, os brasileiros também seriam obrigados a contribuir com o dízimo. Quem vivia no alojamento precisava contribuir com 10% dos rendimentos para a igreja. Muitas destas pessoas tinham trabalho sem contrato formal, em ocupações intermediadas pela própria igreja.

Os agentes do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) encontraram cerca de 30 imigrantes brasileiros, incluindo crianças, vivendo no alojamento, localizado na região da Amadora (Grande Lisboa). A maioria estava em situação irregular em Portugal.

"Estas pessoas foram notificadas para comparecerem ao SEF para verificarmos se elas reúnem as condições para a regularização em Portugal. Se essas pessoas estão a trabalhar, a lei portuguesa permite esta saída", disse Gonçalo Rodrigues, diretor central de investigação do SEF.

Segundo ele, a operação foi motivada por uma denúncia ao SEF feita há cerca de três meses.

Por conta do sigilo das investigações, o inspetor preferiu não dar mais detalhes sobre o possível funcionamento do esquema. A imprensa portuguesa afirma que as autoridades investigam possíveis ramificações da operação para outros templos.

De acordo com o Observatório de Tráfico de Seres Humanos, Portugal teve sinalizadas 168 vítimas deste crime em 2018, incluindo 29 menores. Nos últimos dois anos, a imigração brasileira explodiu. Em 2018, a alta foi de 23,4% em relação ao ano anterior.