Pesquisas apontam vantagem do PP
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domingo, 05 de março de 2000
ESPANHA/ELEIÇÕES Pesquisas apontam vantagem do PP France PresseO primeiro-ministro espanhol José Maria Aznar discursa durante campanha do seu partido: sucesso Reali Júnior Agência Estado De Paris Favoritismo do Partido Popular, de José María Aznar, nas eleições legislativas é justificado pelos bons resultados econômicos obtidos durante sua gestão Nas eleições legislativas do próximo dia 12, o Partido Popular (PP) de José María Aznar poderá ser o maior beneficiário na Espanha da boa conjuntura econômica dos países da União Européia (UE), reunindo condições para derrotar seus tradicionais adversários do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), hoje não mais liderados pelo carismático Felipe González, mas por Joaquín Almunia, dirigente sem a mesma influência no eleitorado. O PP, partido de centro-direita, tem uma pequena liderança nas pesquisas de opinião. O favoritismo de Aznar é justificado pelos bons resultados econômicos obtidos nos seus quatro anos de gestão. Mas o principal êxito, além da manutenção do crescimento e do controle da inflação, foi, sem dúvida, a redução do índice de desemprego no país, que caiu nos últimos quatro anos de 23%, o mais alto da UE, para 15%. Essa evolução da situação econômica possibilitou a criação de 1,8 milhão de empregos, metade dos criados em toda a área da UE. Há quatro anos, quando foi eleito por apenas 300 mil votos de diferença (1,5%), numa acirrada disputa com os socialistas, poucos analistas davam mais de um ano para Aznar, que demorou quase um mês para formalizar um acordo com o CIU, o partido catalão de Jordi Pujol, criando condições de governabilidade. Paradoxalmente, Aznar aprofundou um programa de abertura econômica iniciado pelos socialistas, aumentando o ritmo das privatizações e estimulando investimentos no país e no exterior. A Espanha é um dos países da UE que melhor aproveitou nesses quatro anos a política de globalização, transformando-se no segundo investidor na América Latina, onde só perde para os EUA, e superando na região pesos pesados como Alemanha, Grã-Bretanha, França e Japão. Também foi beneficiada por investimentos importantes do exterior. Hoje, em plena campanha eleitoral, Almunia tem-se reunido com empresários e banqueiros espanhóis e reivindicado para os socialistas o início desse processo. Na verdade, entre os dois programas econômicos as diferenças são mínimas. A dificuldade do PSOE é o elevado índice de satisfação obtido pelo governo de Aznar, que navega quase sozinho na Europa nesse mar cor-de-rosa dominado pela social-democracia. A receita de seu sucesso é um balanço econômico globalmente positivo, mesmo se existem aspectos passíveis de críticas, como o processo de privatização da Telefónica, confiada ao empresário Juan Villalonga, um amigo de Aznar. A descoberta pela imprensa de um sistema que beneficiava apenas uma centena de executivos, alcançando o montante de US$ 500 milhões, deu também muito o que falar. O governo do PP não conseguiu resolver o problema do terrorismo basco e os dois últimos atentados da ETA atestam isso, mas não se queimou, como foi o caso de González, no escândalo dos paramilitares Grupos Armados de Libertação (GAL), uma das razões de sua derrota eleitoral de 1996. Neste fim de semana, os socialistas iniciaram uma última ofensiva contra Aznar. Um duro manifesto assinado por mais de 150 intelectuais apóia o PSOE e a Esquerda Unida, destacando que a democracia espanhola está ameaçada no seu pluralismo e denunciando o governo de Aznar por ter criado um gigantesco conglomerado político a serviço de seus interesses particulares. Não se pode esquecer que, na eleição anterior, as pesquisas indicavam uma nítida vantagem do PP, de 6,5%, mas a vitória acabou sendo muito mais suada do que se previa: uma diferença de apenas 1,5%. Mais alguns dias de campanha e os socialistas teriam obtido a vitória.