São Paulo - Pedro Sánchez, líder do Partido Socialista (PSOE), foi reeleito premiê da Espanha nesta quinta-feira (16) depois de meses de impasses e negociações para formar um novo governo.

A candidatura do atual primeiro-ministro obteve 179 votos a favor e houve 171 contrários. Não houve abstenções. O PSOE chegou a acordos com vários partidos para angariar apoio parlamentar. O périplo para se manter no poder incluiu um controverso projeto de lei que prevê anistia para separatistas catalães e que desencadeou protestos em toda a Espanha.

O caminho para mais quatro anos de Pedro Sánchez no comando da Espanha começou de modo surpreendente em 28 de maio, quando ocorreram eleições regionais para 8.135 prefeituras e para parlamentos da maioria das províncias. O resultado, francamente favorável à direita, assustou os socialistas.

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Sánchez conseguiu se manter no cargo depois de ter ficado em segundo lugar nas últimas eleições, em julho, que ele havia convocado depois de perder apoio político. Na ocasião, o conservador PP (Partido Popular), liderado por Alberto Feijóo, levou a melhor com 33% dos votos, contra 32% do PSOE.

As eleições de julho foram a primeira na história recente da Espanha a serem realizadas durante o verão. O pleito estava previsto para o final do ano, mas Sánchez o adiantou em seis meses, uma estratégia para tentar conter o desgaste da esquerda frente ao crescimento da direita evidenciado nas eleições regionais de maio, das quais o PP saiu como grande vencedor.

Desde 2019, o país é liderado pelo PSOE de Pedro Sánchez. Nos últimos anos o governo atuou em uma coligação formada por diversos partidos de esquerda, a Unidas Podemos, o que significou empossar ministros desses partidos e encampar leis como a "Solo Sí Es Sí" (só sim é sim), que se propôs a mudar a forma como agressões sexuais são punidas.

Uma das críticas da direita feitas a Sánchez é que esta teria sido uma tática para ganhar votos, uma vez que, no verão, as pessoas mais abastadas - perfil que correspondente a muitos dos eleitores do PP - , estariam de férias em outros locais e impedidos de votar.

Vários matizes da direita espanhola, inconformados, foram às ruas nos últimos dias para protestar contra o PSOE e, principalmente, contra a anistia concedida aos políticos que foram presos e sofrem processos após proclamarem a independência da Catalunha sem respaldo legal em 2017.

Por várias noites seguidas, o Vox, de ultradireita, convocou militantes de seu braço juvenil, chamado Revuelta, para protestar em frente à sede do PSOE no centro de Madri. Outras organizações ligadas à extrema direita também compareceram e atiraram objetos na polícia.

No último dia 7, por exemplo, quando 7.000 pessoas se reuniram no local, 29 policiais e 10 manifestantes foram feridos. Já no domingo (12), foi a vez de o PP convocar manifestações em 52 cidades, sendo que, em Madri, o partido chegou a falar no comparecimento de até 1 milhão de pessoas, número que o governo declarou ser de 80 mil.