O presidente Fernando Henrique Cardoso desembarcará hoje na Alemanha, para a primeira etapa da viagem de uma semana à Europa, em meio a uma grande polêmica em torno dos R$ 18,8 milhões gastos com a construção do pavilhão brasileiro na Expo 2000.
Ontem, a idealizadora do pavilhão, Bia Lessa, reagiu à suspensão do pagamento de R$ 2,4 milhões da última parcela do contrato da Embratur com a empresa Artplan, encarregada da organização do evento. O contrato foi assinado sem licitação.
‘‘O corte vai afetar a manutenção das instalações que estarão em funcionamento durante os cinco meses da Expo. Ontem, o ministro Cesário Melantônio, coordenador do pavilhão brasileiro, não soube detalhar onde os recursos foram aplicados até agora e nem explicar por que a quantia inicial estimada para os gastos foi de R$ 14,1 milhões.
O presidente da Embratur, Caio Luiz de Carvalho, confirmou que o pagamento dos R$ 2,4 milhões foi suspenso, mas explicou que isso foi feito para dar total liberdade ao Ministério Público verificar a correção dos gastos.
Carvalho admitiu que a Artplan foi contratada sem licitação porque, quando a Embratur foi incorporada ao grupo organizador do evento, já era fevereiro e não haveria tempo para a licitação.
A Artplan esclareceu que seu contrato com a Embratur envolve a divulgação do Brasil no exterior. Ela diz que foi convidada a prestar o serviço a apenas dez dias da data-limite para o início das obras e que só aceitou a tarefa depois de obter pareceres favoráveis da procuradoria-geral e da auditoria interna da Embratur.
Melantônio informou que R$ 13,337 milhões são destinados à Evidência, empresa portuguesa contratada sem concorrência pela Artplan para executar o projeto, e R$ 582 mil para a produtora de Bia Lessa, responsável pela criação artística do pavilhão.
Acrescidos a esses números estão US$ 1,3 milhão (cerca de R$ 2,5 milhões) referente ao aluguel do espaço físico na Expo2000 e R$ 2,2 milhões para os eventos culturais, totalizando R$ 18,8 milhões.