A paranaense Sandra Wahrhafitg vive há seis anos em Israel e relatou o medo vivido por ela e pela família desde o último sábado (7), quando o grupo extremista islâmico Hamas bombardeou o país do Oriente Médio. Em entrevista à FOLHA nesta segunda-feira (9), a enfermeira aposentada disse que se trancou em casa a partir do momento em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou o "estado de guerra" no domingo (8).

"A situação em Israel está cada vez mais complicada. Estamos muito preocupados, muito assustados. Isso vai tirando a gente do prumo, porque é tão cruel o que temos visto. Esses judeus que foram sequestrados, levados para Gaza, é muito assustador. Estou me mantendo em casa. Tenho filhos e netos aqui, que também estão em casa", contou à FOLHA.

Sandra tem 66 anos e mora em Or Yehuda, cidade a cerca de dez quilômetros da capital Tel Aviv. Ela e a família entraram em choque quando escutaram as primeiras sirenes indicando os bombardeios na região. "São seis crianças. Imagine o medo que elas passam toda a vez que toca a sirene e escutam as bombas. É aterrorizante", detalhou.

Na casa da enfermeira aposentada há um quarto blindado, chamado de "quarto de guerra", usado como medida de segurança para se proteger durante os ataques. Apesar do temor, Sandra - que é curitibana - diz que não cogita voltar ao Brasil.

"Nem me ocorre de voltar ao Brasil. Não acho que seja assim que as coisas funcionem. Eu vim para Israel atrás dos meus netos e do meu filho, e tenho uma tranquilidade morando aqui. Não tenho violência urbana, ando com minha bolsa aberta, com celular na mão, com carro com vidro aberto. Infelizmente, o ônus de Israel é aguentar esses terroristas, mas voltar ao Brasil não", garantiu.

Diferentemente de Sandra, segundo o Itamaraty, mais de 1,7 mil pessoas procuraram o governo brasileiro nesta segunda-feira pedindo ajuda para deixar Israel e a Palestina. O balanço do Ministério das Relações Exteriores (MRE) indica que a maioria é de cidadãos que viajaram a turismo, sendo que 73,2% não têm nacionalidade israelense.

O governo brasileiro montou uma operação para repatriar quem está na área de conflito. Aviões da Força Aérea (FAB) estão sendo enviados para o resgate. De acordo com uma estimativa do Itamaraty, 14 mil brasileiros moram em Israel e 6 mil na Palestina, grande parte fora da área dos ataques.