Depois de intensos protestos em todo o país que resultaram na morte de pelo menos nove pessoas e levaram o ditador Robert Guei a fugir para Benin, o socialista Laurent Gbagbo, vencedor das eleições de domingo, assumiu ontem a presidência da Costa do Marfim.
‘‘Agradeço ao povo que atendeu a meu chamado e saiu espontaneamente às ruas para derrubar a ditadura’’, disse Gbagbo em pronunciamento pela tevê.
No dia anterior, o general Guei – que tomou o poder mediante golpe militar em 24 de dezembro de 1999 – dissolvera a comissão eleitoral de apuração, interrompera a contagem de votos em seu início e proclamara sua vitória nas eleições presidenciais por 51% dos votos.
Gbagbo protestou energicamente, dizendo-se vencedor com votação superior a 60%. ‘‘Vamos converter Abidjãn numa nova Belgrado’’, ameaçou numa referência às manifestações na Sérvia que denunciaram a frande eleitoral iugoslava e derrubaram o presidente Slobodan Milosevic.
Guei impôs estado de emergência e trancou-se no palácio presidencial sob proteção de uma unidade de elite, denominada ‘‘guarda vermelha’’.
Os simpatizantes de Gbagbo saíram às ruas das principais cidades do país. Houve choques com tropas do Exército, mortos e feridos. Mas diante do decidido apoio de Estados Unidos e França a Gbagbo, o chefe do Estado-Maior, general Soumaila Diabakate, ordenou às tropas que retornassem imediatamente aos quartéis. ‘‘O Exército entendeu a mensagem do povo e não quer banho de sangue.’’