SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Parlamento Europeu anunciou nesta quinta-feira (22) a frente de oposição bielorussa como vencedora da edição deste ano do Prêmio Sakharov de direitos humanos, em reconhecimento aos esforços empenhados pelo grupo na luta por democracia contra o regime do ditador Aleksandr Lukachenko.

Ao conceder o prêmio, o Parlamento citou nominalmente dez ativistas da oposição, entre os quais a sua principal candidata, Svetlana Tikhanovskaia, atualmente exilada na Lituânia, e a escritora ganhadora do Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévich, que deixou o país no fim de setembro.

"Minha mensagem a vocês, queridos laureados, é que permaneçam fortes e não desistam da luta. Saibam que estamos com vocês", afirmou o presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, na cerimônia. "[Este grupo] tem algo que a força bruta nunca pode derrotar: a verdade. Não baixem os braços", completou.

A premiação desta quinta ocorre a três dias de um ultimato lançado nas redes sociais por Tikhanovskaia em que ela promete uma greve geral no país caso o ditador não renuncie, não cesse a violência contra manifestantes e não liberte todos os presos políticos.

Ela afirma que, caso as reivindicações não sejam cumpridas, "todas as estradas serão bloqueadas, e as vendas nas lojas do Estado entrarão em colapso".O texto se dirige também às forças de segurança e aos que defendem o ditador: "Declare publicamente que não apoia mais o regime. Contacte-nos por meio de fundos, cartas ou conhecidos. Se não fizer isso, significa que nossos avós apanham com suas mãos".

Analistas são céticos, porém, de que o ultimato tenha algum efeito.

Desde da eleição que teria dado a Lukachenko um sexto mandato, com 80% dos votos, em 9 de agosto, dezenas de milhares de pessoas têm idos às ruas protestar contra o pleito considerado fraudado.

As manifestações têm sido reprimidas violentamente pelo regime. Mais de 12 mil detenções já foram feitas e ao menos 413 jornalistas foram detidos, segundo a associação da categoria no país.

A União Europeia não reconhece a eleição e anunciou sanções contra 40 autoridades bielorussas apontadas como responsáveis por fraude eleitoral. O Reino Unido e o Canadá também impuseram punições à Belarus em 1º de outubro, incluindo na lista o nome do ditador.