O primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, e o chefe da oposição de direita, Ariel Sharon, realizaram ontem à tarde uma reunião em Jerusalém, mas não chegaram a um acordo sobre a formação de um governo de união nacional.
Contudo, ambas as partes concordaram em continuar as negociações daqui a ‘‘trinta horas’’, disse o porta-voz do Likud, Ofir Akunis.
Ao término da reunião, a delegação do Likud reprovou Barak por não ter transferido poderes suficientes à oposição em um governo de união nacional.
O deputado Sylvan Shalom, integrante da delegação, declarou à televisão que se Barak ‘‘quer o Likud no governo, deve nos dar uma influência verdadeira nas decisões governamentais’’.
Barak entregou ao Likud uma proposta escrita com as diretrizes do governo divididas em seis pontos essenciais.
A cláusula ‘‘política’’ determina que ‘‘em caso de apresentação de uma proposta para a continuação das negociações com os palestinos e/ou com os países árabes, Israel vai se somar às negociações, de acordo com a decisão de gabinete’’.
O Likud exige direito de veto sobre as decisões governamentais e quer que Sharon seja designado vice primeiro-ministro, declarou Akunis.
Um membro da delegação do Partido Trabalhista, Raanan Cohen, declarou que ‘‘o Likud escutou as propostas de Barak e agora deve formular as suas’’.
‘‘O primeiro-ministro quer uma pausa no processo de paz, está certo. Mas, dentro de três meses, pode acontecer novamente uma negociação na base de Camp David, e não podemos aceitar’’, declarou o deputado Sylvan Shalom.
Segundo autoridades israelenses, Barak analisou em Camp David uma proposta de retirada israelense de quase 90% da Cisjordânia e de transferência do controle de alguns bairros árabes em Jerusalém aos palestinos. Este, a parte árabe da Cidade Santa, anexada por Israel em 1967. A oposição de direita considera essa proposta ‘‘inaceitável’’.
Barak – que não tem a maioria parlamentar desde julho – quer criar um governo de ‘‘emergência’’ nacional antes de que se reinicie a atividade parlamentar, na próxima segunda-feira.
Além disso, ontem, o partido ultraortodoxo Shass recusou categoricamente a oferta de Barak para participar de um governo de união nacional, mas se comprometeu a apoiá-lo do lado de fora, informou o porta-voz do partido, Itzik Sudri.
O Shass – terceiro partido no Parlamento, com 17 dos 120 deputados da Knesset (Parlamento) – se retirou da coligação governamental de Barak no último mês de julho, mas continuará ‘‘apoiando o governo e o exército do lado de fora para que se ponha fim à violência nos territórios palestinos’’, afirmou Sudri.
Reabertura Israel autorizou ontem à noite a reabertura hoje do aeroporto palestino de Gaza, situado em Rafah (sul da Faixa de Gaza), que tinha sido fechado de manhã, segundo informou o diretor-geral do aeroporto.
‘‘O aeroporto será reaberto ao tráfego aéreo a partir de amanhã (hoje) de manhã, graças a um acordo firmado esta noite (ontem) em Erez (ponto de passagem entre Israel e a Faixa de Gaza)’’, disse Salmane Abu Halib.
O acordo foi firmado pelo chefe de Inteligência palestino, o general Amin al-Hindi, e o assessor do premier israelense para assuntos de segurança, Danny Yatom, segundo a mesma fonte.