São Paulo - A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou ontem uma resolução contra a Síria pelos confrontos entre as forças do regime do ditador Bashar Al Assad e rebeldes, que começou há 17 meses.
Ainda não foi divulgado o resultado da votação. O projeto, proposto pela Liga Árabe, exige o fim da violência contra os civis nas cidades sírias, assim como a aplicação imediata do cessar-fogo previsto pelo plano do ex-enviado especial ao país, Kofi Annan, em abril, para iniciar um processo de transição política.
No entanto, a projeto inclui condenações e responsabilidade ao regime de Assad pela onda de violência no país, o que provocou a recusa da Rússia. Ontem, o Kremlin adiantou que votará contra a proposta por considerar que tem ''os mesmos vícios'' das propostas ocidentais, como culpar o governo e isentar a oposição.
Moscou também acusa o projeto de querer revisar o plano de paz proposto pelo ex-enviado especial da ONU à Síria, Kofi Annan. ''Propõe-se a Annan centrar suas atividades em garantir a transição política na Síria, o que não faz parte de seu mandato''.
O país, junto com a China, bloqueou três sanções no Conselho de Segurança contra o regime sírio, afirmando que os países do Ocidente com poder de veto -Estados Unidos, Reino Unido e França - atribuem responsabilidades à crise apenas a Assad.
As resoluções da Assembleia Geral não são documentos vinculantes, nem podem ser vetadas por nenhum país. No entanto, não possuem caráter impositivo, o que provocaria efeito nulo para solução da crise.
Repercussão
As delegações de Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua consideraram uma interferência nos assuntos internos a resolução aprovada na Assembleia Geral da ONU sobre a Síria. Os quatro países estão entre os 12 que votaram contra o projeto.
Antes de votar, o embaixador cubano na organização, Pedro NúÀez Mosquera, disse que a resolução é desequilibrada por abrir uma porta a uma intervenção estrangeira que, de acordo com ele, ''temos experiência no passado recente'', em referência à Líbia.
''Precisamos do fim de todos os atos de violência, dos massacres e também dos atos terroristas que causam a morte de inocentes, pelo que é necessário deter a transferência de armas e dinheiro aos grupos insurgentes'', afirmou.
O país também acusou os Estados Unidos e seus aliados europeus, por aplicar ''políticas dedicadas a mudar regimes que traduzem seu objetivo de derrotar pela força os governo sobreanos'', e os meios de comunicação internacionais, que, segundo o regime de Raúl Castro, ''cobre o conflito com propósitos políticos''.
Seguindo as críticas ao projeto, o embaixador venezuelano, Jorge Valero, disse que a resolução ''não é objetiva e constitui uma intervenção nos assuntos internos de um Estado soberano e independente''. Caracas também considerou que o texto apresentava as violações cometidas pelo regime sírio e omitia as da oposição.