São Paulo - Dois meses e meio depois das eleições na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz foi eleito nesta quarta-feira (8) chanceler, o que significa o retorno da centro-esquerda ao poder após 16 anos de governo da conservadora Angela Merkel. Scholz, 63, recebeu 395 votos a favor dos 736 deputados do Bundestag, que foram eleitos na votação de 26 de setembro.

O primeiro governo liderado pela centro-esquerda em 16 anos também será o primeiro com um ministério distribuído igualmente entre mulheres e homens na Alemanha
O primeiro governo liderado pela centro-esquerda em 16 anos também será o primeiro com um ministério distribuído igualmente entre mulheres e homens na Alemanha | Foto: John MacDougall/AFP

"Sim", respondeu Scholz à presidente do Parlamento, Bärbel Bas, ao ser questionado se aceitava o resultado da votação. O ex-ministro das Finanças dirigirá uma coalizão inédita em mais de seis décadas, composta pelo SPD (Partido Social-Democrata), Verdes e os liberais do FDP.

No sistema político da Alemanha, um governo que pretende ser estável precisa contar com mais de 50% dos deputados do Parlamento. Como raramente um partido consegue sozinho essa marca, entra a costura de coalizões.

Apesar dos programas eleitorais muitas vezes divergentes, SPD, Verdes e FDP conseguiram estabelecer uma agenda que se concentra na proteção do clima, no rigor orçamentário e na questões da Europa. Antes de assumir o cargo, Olaf Scholz, além de ministro das Finanças, foi vice-chanceler no quarto mandato de Merkel.

O primeiro governo liderado pela centro-esquerda em 16 anos também será o primeiro com um ministério distribuído igualmente entre mulheres e homens na Alemanha. Seguindo uma promessa de campanha de Scholz, oito pastas serão ocupadas por mulheres, e oito, por homens.

O vice-chanceler será o copresidente do Partido Verde Robert Habeck, de 52 anos, que assumirá também um superministério da Economia e Clima. Já o Partido Liberal Democrático ficará com o mais poderoso dos ministérios do governo alemão, o das Finanças, que será comandado pelo presidente da sigla, Christian Lindner, de 42 anos. Ele deverá dar continuidade a uma política de austeridade fiscal, sem aumento de impostos.

O ministério do Interior será liderado pela primeira vez por uma mulher, a também social-democrata Nancy Faeser, de 51 anos. Já a copresidente do Partido Verde, Annalena Baerbock, ficou com a pasta do Exterior.

A idade média do novo chanceler federal e de seus 16 ministros e ministras é de 50,4 anos - menor do que as médias de todos os inícios de legislatura dos quatro governos anteriores, liderados por Merkel. O mandato mais recente de Merkel teve uma média de idade de 51,4 anos. O mais velho do governo é o próprio Scholz.

As ministras mais jovens são as verdes Baerbock e Anne Spiegel (à frente da pasta da Família), que fazem aniversário no mesmo dia e completarão 41 anos em 15 de dezembro.

O novo governo alemão assume em um momento extremamente delicado, com a quarta onda da pandemia do novo coronavírus pressionando o sistema de saúde de diversos estados do país e com seguidos recordes de novas infecções. A Alemanha registrou nesta quarta 527 mortos pela doença, o maior número desde fevereiro de um total de 104 mil óbitos.

Scholz já manifestou ser favorável a uma obrigatoriedade da vacina contra a Covid, e o novo governo deve começar a impor a exigência para trabalhadores da área da saúde e funcionários de lares de idosos, que terão até março para estarem totalmente imunizados.