Washington - Nikki Haley confirmou sua saída da corrida pela nomeação republicana, deixando o caminho livre para Donald Trump. A ex-governadora da Carolina do Sul discursou na manhã desta quarta-feira (6) de sua terra natal, após o massacre sofrido na Super Terça, quando perdeu em 14 dos 15 estados que foram às urnas.

"Chegou a hora de suspender minha campanha. Eu disse que desejava que os americanos tivessem suas vozes ouvidas. Eu fiz isso. Eu não tenho arrependimentos", afirmou.

A republicana parabenizou o ex-presidente por suas vitórias, mas não anunciou seu endosso a ele, algo que já havia sinalizado que faria. Citando a conservadora Margaret Thatcher, Haley disse que um sábio conselho da ex-primeira-ministra britânica é "não siga o bando".

Embora minoritários no partido, os apoiadores de Haley são os que mais resistem ao empresário e podem fazer diferença em uma eleição apertada contra Joe Biden em novembro.

"Agora cabe a Donald Trump conquistar os votos daqueles no nosso partido e além dele que não o apoiaram. E eu espero que ele faça isso", disse.

"O mais provável é que Donald Trump seja o nomeado republicano quando a convenção do nosso partido se reunir em julho. Eu o parabenizo e desejo o melhor para ele. Eu desejo o melhor a qualquer um que possa ser o presidente da América", afirmou.

A decisão de não apoiar imediatamente Trump a diferencia de Ron DeSantis, que endossou o empresário no mesmo discurso em que anunciou sua desistência.

Nas declarações feitas nesta quarta, Haley também enfatizou a necessidade de unir o partido e o país, e levantou suas bandeiras em política externa, uma prioridade para ela em toda campanha. A republicana disse que é um "imperativo moral" os EUA manterem seu apoio a aliados.

Haley era o último obstáculo para a nomeação de Trump no Partido Republicano. A desistência confirma uma nova disputa entre o ex-presidente e Joe Biden pela Casa Branca neste ano, embate rejeitado pela maioria dos americanos.

O fracasso da candidatura da republicana, que tentou se vender como uma alternativa menos caótica e mais moderada a Trump, ilustra a transformação da base do partido desde a ascensão do empresário na última década.

Haley demonstrou força nas primárias entre os republicanos tradicionais, de maior renda e formação, e independentes. Embora tenha conquistado um apoio significativo nesse grupo, ele não foi suficiente para superar o engajamento da base de Trump, mais pobre e menos qualificada.

As atenções da corrida agora se voltam para quem Trump escolherá como vice. A própria ex-governadora chegou a ser aventada, mas o fato de ter prolongado sua campanha teria irritado o empresário.

Um conterrâneo de Haley, porém, vem sendo frequentemente citado: o senador Tim Scott, ele próprio um ex-candidato à nomeação do partido para a vaga na corrida presidencial. Conservador e negro, sua escolha é vista como uma forma de expandir o alcance de Trump.