Milhares de chilenos lotaram uma praça no centro da capital, nesta terça-feira, no 12º dia de manifestantes que começaram como atos contra uma alta no preço da passagem de metrô e se tornaram um movimento nacional por mais igualdade e melhores serviços públicos, em um país visto há tempos como um caso de sucesso econômico.

Havia uma atmosfera festiva no início da noite na Plaza Italia, com críticas ao modelo econômico dominado pelo mercado, com o sistema previdenciário total ou parcialmente privatizado e custos elevados para se obter saúde e educação. Em várias ruas próximas o quadro era mais tenso, com grupos de manifestantes mascarados ateando fogo a cestos de lixo e árvores em um parque local, antes de a polícia usar gás lacrimogêneo e jatos d'água para dispersá-los. Tentativas de marchar até o palácio presidencial La Moneda foram barradas por barricadas policiais.

A aprovação do presidente Sebastián Piñera está em 14%, segundo pesquisas recentes. Piñera recuou do aumento no metrô e fez outras concessões, mas não conseguiu até agora conter os protestos. Manifestantes têm se concentrado agora em tentar mudar a Constituição, dizendo que o foco dela em priorizar o controle privado sobre praticamente qualquer aspecto da economia é a raiz dos problemas nacionais, seja quem for o presidente. Nesta terça-feira, o líder do partido Renovação Nacional, Mario Desborde, disse apoiar uma reforma constitucional. A sigla é uma das três que apoiam Piñera no Congresso.

Seis partidos oposicionistas controlam a Câmara dos Deputados e o Senado e aprovam mudanças na Constituição, mas não têm votos suficientes para isso, tornando o apoio das siglas governistas crucial. Partidos da oposição se reuniam nesta terça-feira para tentar avançar nessa reforma. Fonte: Associated Press.