O neurologista pessoal do general Augusto Pinochet disse ontem, em entrevista ao vespertino La Segunda, que o ex-ditador ‘‘morrerá dentro de pouco tempo’’.
‘‘Pinochet tem uma encefalopatia diabética irreversível, que o levará à morte dentro de pouco tempo. A qualquer momento ele poderá morrer, e isso calará a boca de todos: ou terá um derrame cerebral ou uma morte súbita cardíaca’’, declarou o neurologista Ferrer.
O processo contra Pinochet, indiciado por 57 assassinatos e 18 sequestros, foi suspenso na segunda-feira pela Corte de Apelações, considerando que o ex-mandatário sofre de demência vascular.
Luis Fornazzari, um dos médicos que examinou Pinochet em janeiro, a pedido dos advogados de acusação, reiterou na terça-feira que o octogenário general tem condições físicas e mentais de enfrentar um julgamento. Respondendo ontem a Fornazzari, Ferrer disse que ‘‘não é possível julgar um demente dentro do conceito atual de demência, que se refere à debilidade das funções cognitivas – basicamente a memória e a capacidade de abstração’’.
Fornazzari disse que os três juízes que suspenderam o julgamento de Pinochet receberam um relatório médico parcial, baseado quase inteiramente nas informações de Ferrer, de um médico de família do ex-ditador e de outro indicado por seus defensores.
Ferrer também testemunhou perante a corte que Pinochet não devia ser fichado criminalmente porque sofreria de uma depressão que afetaria sua saúde.
Ativistas de direitos humanos, advogados e grupos políticos esquerdistas não acreditam que Pinochet esteja gravemente enfermo, nem que esteja demente a ponto de não poder ser julgado.