Maduro aumenta repressão e prende políticos e ativistas
Presidente venezuelano toma posse nesta sexta (10) sob desconfiança de governos de todo o mundo
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Presidente venezuelano toma posse nesta sexta (10) sob desconfiança de governos de todo o mundo
Mayara Paixão - Folhapress

Buenos Aires, Argentina - Enrique Márquez é conhecido como líder de uma oposição mais moderada ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, distante da alternativa pleiteada pelo grupo de María Corina Machado. Mas nem esse perfil escapou à repressão. Márquez está desaparecido desde a madrugada desta quarta-feira (8), dizem amigos e familiares.
O político foi candidato à Presidência nas últimas eleições, marcadas pelo descrédito, e depois pediu a divulgação das atas para comprovar os atestados resultados que o regime divulgou. Às vésperas da posse de Maduro, marcada para esta sexta-feira (10), ele foi levado por homens encapuzados na rua. Uma nova onda de detenções entrou em prática.
Horas antes, a Espacio Público, respeitada ONG que atua pela liberdade de expressão e na defesa de jornalistas em um país onde a perseguição a profissionais de imprensa é conhecida, afirmou que seu diretor-executivo, Carlos Correa, também estava desaparecido.
Testemunhas relataram que o ativista foi abordado no centro da capital Caracas por homens encapuzados que se presumiam ser oficiais de segurança do regime. Não há notícias de Correa. É o modus operandi do regime, habituado a deter ativistas, não dar notícias a familiares e impedi-los de ter acesso a defesa nos primeiros dias de prisão.
A onda de prisões levou a mais uma manifestação do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, o vizinho mais importante da Venezuela ao lado do Brasil. Desta vez, mais contundente: Petro disse que, diante disso, sua ida à posse de Maduro é inviável.
"Não podemos reconhecer as eleições, que não foram livres", disse. Mas ponderou: "Não romperemos relações com a Venezuela, nem vamos interferir nos assuntos internos do país se não formos convidados". A tentativa colombiana e brasileira de operar um diálogo em Caracas até aqui fracassou.
Ainda antes, o principal grupo opositor, o Vente Venezuela, da líder María Corina, afirmou que dois de seus diretores no estado de Trujillo, a oeste do país, também foram levados de suas casas por oficiais de segurança. Não há notícias de Marianela Ojeda e Francisco Graterol.
Também nesta terça-feira (7), o ex-diplomata Edmundo González, que disputou a eleição contra Maduro e que projetos de checagem dizer ser o verdadeiro eleito, afirmou que seu genro foi detido em Caracas.
González vive asilado em Madri e, no momento da detenção, estava em Washington, reunindo-se com autoridades do governo cessante e da futura administração de Donald Trump. Agora, está no Panamá.
A ditadura também prepara o terreno para impedir qualquer manifestação no dia da posse. Edmundo González, que nesta quarta se reuniu com o presidente do Panamá José Raúl Mulino, outro líder regional que o reconhece como presidente eleito, diz que irá ao país no dia. Como? Não se sabe.
González ainda tem uma passagem pela República Dominicana. Para esta quinta-feira (9), diferentes atos chamados pela oposição e pelo regime chavista em todo o país elevam a tensão de confrontos.

