Brasília - Ao lado do presidente da Finlândia, Sauli Niistö, em Brasília, nesta quinta-feira (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a tomar uma posição de neutralidade sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, após ter sido duramente criticado por falas consideradas favoráveis a Moscou.

Lula recebeu o presidente da Finlândia, Sauli Niistö, em Brasília
Lula recebeu o presidente da Finlândia, Sauli Niistö, em Brasília | Foto: Ricardo Stuckert/PR

"O Brasil, desde que essa guerra começou, criticou a ocupação territorial da Ucrânia. Estamos tentando formular a oportunidade, quando convier aos dois presidentes, da Rússia e da Ucrânia, para colocar uma proposta de paz na mesa que tem que ser combinada com os dois", afirmou o petista.

"Não acontecerá nada enquanto Ucrânia e Rússia não tomarem a decisão de que querem a paz. Portanto, o Brasil faz parte do grupo dos que querem se manter neutros para construir a chance do fim da guerra."

Lula recebeu pela manhã o presidente da Finlândia, país com grande fronteira com a Rússia, aliado de Kiev e que passou recentemente a integrar a Otan, a aliança militar ocidental. A mudança provocou forte reação dos russos, que veem as potências ocidentais levarem o clube militar para perto de seu território.

O líder brasileiro, embora se apresente como mediador neutro no conflito na Ucrânia, adotou por diversas vezes posições críticas a Kiev e ao Ocidente, chegando a afirmar que EUA e União Europeia estimulavam a guerra. O fato de ter recebido o chanceler russo, Serguei Lavrov, em Brasília, ampliou essa imagem.

O petista, antes mesmo de ser eleito em outubro, também responsabilizou tanto Rússia como Ucrânia pelo conflito. Depois, pressionado pelas críticas, condenou mais duramente a invasão territorial russa.

Durante o encontro com o presidente finlandês, Lula voltou a defender a iniciativa de criar um grupo de países para intermediar a paz. "Ouvi com muito interesse considerações sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia, país com o qual a Finlândia partilha mais de 1.300 km de fronteira. Reiterei a posição de defesa da integridade territorial da Ucrânia e condenação da invasão", disse ele. "Afirmei também a convicção sobre a necessidade de criar um espaço de diálogo que contribua para a busca de solução pacífica do conflito."