Brasília - Após meses em que fez mais de uma vez declarações sobre a Guerra da Ucrânia - algumas das quais protagonistas de rusgas com parceiros do Ocidente -, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora diz que evita fazer comentários sobre o conflito porque tem questões domésticas com as quais se preocupar.

"Não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia", disse o petista nesta quinta-feira (6). "A minha guerra é aqui, é contra a fome, contra a pobreza, contra o desemprego."

Lula afirmou que o Brasil tem bom relacionamento com todos os países e que não pretende comprar briga com ninguém. Ele também retomou críticas a seus antecessores Jair Bolsonaro (PL), cujo período no Palácio do Planalto foi marcado pelo distanciamento brasileiro de parceiros tradicionais no exterior, e Michel Temer (MDB), ainda que sem nomeá-los.

"O Brasil tem a chance que jamais teve. O fato de o país ter ficado exilado durante os últimos seis anos deu ao mundo uma sede, uma necessidade do Brasil", seguiu Lula. "E precisamos tirar proveito, porque o Brasil não tem contencioso com ninguém, o Brasil gosta de todo mundo e todo mundo gosta do Brasil."

Lula já falou diversas vezes sobre o conflito que se desenrola no Leste Europeu há mais de um ano. Em muitos casos, ele equiparou as responsabilidades de Moscou e de Kiev pelo conflito, apesar de a invasão territorial ter partido da Rússia.

"O presidente [russo, Vladimir] Putin não toma a iniciativa de parar. [O presidente ucraniano, Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'basta'", disse ele em abril, por exemplo.

O petista tem defendido a proposta da criação de uma espécie "clube da paz" para o fim da Guerra da Ucrânia, balaio que englobaria países como o Brasil, a China e a Indonésia. Segundo ele, as negociações deveriam ser conduzidas por um grupo semelhante ao G20, que reúne as maiores economias do mundo.

As declarações desta quinta-feira foram dadas durante reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), com participação de diversos ministros e entidades representativas de setores da indústria e da sociedade brasileira.

No encontro, Lula também comentou o crescimento econômico da China, principal parceira comercial do Brasil. "O que a China fez de novidade? País socialista, aproveitou-se da ganância de país capitalista que resolveu implantar suas empresas todas na China para utilizar o trabalho escravo. A China aproveitou e se industrializou", disse.