Miguel, Isabelle e Ari Vicentini  tiraram a máscara só para a fotografia: multas podem chegar a mil euros
Miguel, Isabelle e Ari Vicentini tiraram a máscara só para a fotografia: multas podem chegar a mil euros | Foto: Arquivo Pessoal

Por conta da pandemia de coronavírus, Portugal suspendeu os voos entre o país e o Brasil. A medida vale a partir do dia 29 e tem vigência até o dia 14 de fevereiro. A suspensão foi provocada também por causa da detecção de novas variantes do vírus. Para alguns brasileiros no país europeu, a limitação de circulação complicada a vida de imigrantes e de portugueses.

A reportagem conversou com alguns brasileiros que estão no país europeu, entre eles está Samara Azevedo, que é de Macaé (RJ) e estudou Artes Cênicas na UEL (Universidade Estadual de Londrina). Ela agora faz doutorado de Belas Artes da Universidade de Lisboa e relatou que tem acompanhado histórias de pessoas desesperadas para casa e não conseguem, mesmo depois de adquirir passagens aéreas.

“Conheço gente que foi passar férias no Brasil e não consegue retornar e tem medo de perder o trabalho”, aponta. Ela não acredita que a suspensão dure pouco tempo. “Acho que não durará menos de dois meses. É preciso que as pessoas que queiram voltar tenham paciência”, destaca.

Azevedo diz que Portugal está com índices muito agravados neste momento. “Desde o início da pandemia, em março do ano passado, é o pior momento que estamos passando. Os hospitais públicos estão se aproximando da ruptura do sistema, mas há confiabilidade no governo em seus atos perante a pandemia", afirma.

"Nunca tivemos a abertura por completo. Tivemos algumas atividades liberadas, mas com condicionantes”, destaca. “A gente sabe que a comunidade de imigrantes é uma das mais afetadas na Europa e isso é algo que me preocupa. Neste momento tenho duas amigas com coronavírus.”

A jornalista e fotógrafa Isabelle Soares Neri, que fez pós-graduação em Fotografia na UEL, embarcou para Portugal em dezembro do ano passado para estudar pós-graduação na Escola Superior Artística do Porto. Ela relata que a cidade do Porto está com muitas lojas e restaurantes fechados. “Dói ver a mudança", diz ela, que conheceu o País em janeiro do ano passado. "

Questionada sobre a suspensão dos voos, ela diz que é ruim para quem tem compromissos nesse período. “Sabemos que é temporário, mas como tudo está instável com a pandemia a medida pode ser breve, durar duas semanas ou pode ser maior”, destaca.

Ela teve a sorte de ter embarcado em dezembro. “Sem visto de estudo eu não conseguiria ter vindo, porque a vinda era somente para viagens essenciais, e estudo é uma delas”, aponta. “Desde o início da semana estavam comunicando que fariam essa suspensão”, relata.

O jornalista curitibano Carlos Eduardo de Castro Kiatkoski está há um ano e meio morando em Portugal e diz que a suspensão dos voos não é o que mais preocupa. "O que pega são as restrições cada vez maiores. Não se pode circular entre os Concelhos (o equivalente aos Estados no Brasil). Eu vivo em Lagos, no Algarves, e eu não posso ir sem uma autorização ao Concelho de Portimão, que fica a 17 km de casa. É preciso uma declaração que estou a circular por necessidade de trabalho ou saúde. Sem esse documento eu posso ser parado pela polícia e receber desde uma advertência verbal até uma multa de 1.500 euros ou posso ser preso”, declara.

Ele diz que mesmo que a pessoa seja testada e der negativo, ela precisa ficar em isolamento profilático. "Isso até que a Direção Nacional de Saúde (o equivalente ao Ministério da Saúde do Brasil) dê uma declaração de isolamento que permita voltar ao trabalho”, explica.

“Todos os brasileiros que eu conheço não tinham planos de ir ao Brasil, mas de circular pela Europa. Agora não se pode nem isso por causa dessa crise pandêmica”, ressalta. “O que dificulta para nós é não poder se programar. Eu queria ir ao Brasil em junho, mas não vou poder, porque não sei se o aeroporto vai estar aberto e que restrição vamos ter”, lamenta.

Na agência de turismo Albatroz, em Londrina, o decreto não afetou tanto, porque já havia uma limitação. “A gente não está vendendo para a Europa faz tempo. Não tínhamos nenhuma passagem agendada para lá”, explica a diretora da empresa Cristiana Pitol Graçano.