Roland Prinz
Associated Press
De Viena
O populista líder austríaco de direita, Joerg Haider, disse ontem que o novo governo do qual seu partido faz parte irá tomar as medidas apropriadas para compensar as vítimas e os sobreviventes do Holocausto. Num debate televisionado com três jornalistas, Haider também prometeu moderar sua língua afiada e evitar intrometer-se no gabinete da coalizão, no qual ele não tem cargo.
France PresseTranquilidadeO líder direitista austríaco, Joerg Haider, mostra-se bastante tranquilo ao participar de entrevista pela televisão e reitera os propósitos de não interferir no novo governo do país, ao tempo em que garante a intenção de promover um ressarcimento aos sobreviventes do HolocaustoHaider fez o comentário ao vivo na televisão estatal austríaca dois dias depois que seu ultradireitista Partido da Liberdade foi empossado por um constrangido presidente Thomas Klestil apesar de uma onda de protestos e o início do isolamento diplomático da Áustria.
No geral, as declarações do jovial direitista foram relativamente conciliatórias comparadas com seus disparos verbais recentemente lançados contra líderes estrangeiros, incluindo o presidente francês, Jacques Chirac.
Haider ganhou notoriedade internacional por declarações elogiando a política de pleno emprego de Adolf Hitler e considerando os veteranos das Waffen SS ‘‘pessoas decentes e de bom caráter’’ – comentários pelos quais ele tem desde então se desculpado.
A ascensão ao poder do partido de Haider tem polarizado uma sociedade com sombrias memórias de duas derrotas nas duas guerras mundiais e um conflito civil armado entre esquerdistas e direitistas nos anos 30.
Haider disse a seus entrevistadores que o governo anterior, liderado pelos social-democratas, não tinha verdadeiramente lidado com o passado nazista, incluindo compensação por trabalhos forçados. Ele afirmou que o novo governo irá tentar reparar suas injustiças e aquelas cometidas contra as vítimas do Holocausto.
‘‘Um governo que é patriótico tem de estar pronto para enfrentar as consequências do passado e onde tenhamos infligido grande injustiça contra nossos colegas cidadãos judeus ou eliminado suas famílias, temos de tomar as medidas pertinentes’’, disse.
Apesar de também pedir compensação por prisioneiros de guerra austríacos e pelos de fala alemã expulsos da Tchecoslováquia pós-guerra, Haider, apertado pelos jornalistas, insistiu que não haveria vinculação entre as duas questões.
Haider afirmou também que era necessário esclarecer notícias dando conta que o chanceler Viktor Klima e o presidente Thomas Klestil teriam incitado críticas internacionais à nova coalizão de governo.
Ele disse que não podia ‘‘descartar’’ uma comissão parlamentar caso as suspeitas sejam substanciadas. Segundo ele, uma investigação também seria ‘‘do interesse dos envolvidos que poderiam provar que não cometeram traição contra a Áustria’’.