Leão XIV inicia papado com apelo à unidade da Igreja e paz global
Em sua primeira missa, papa prega solidariedade aos pobres e vítimas de guerra e lembra legado de Francisco
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domingo, 18 de maio de 2025
Em sua primeira missa, papa prega solidariedade aos pobres e vítimas de guerra e lembra legado de Francisco
André Fontenelle e Michele Oliveira -Folhapress

ROMA E MILÃO, ITÁLIA (FOLHAPRESS) - O papa Leão 14 afirmou nesta domingo (18), em sua homilia na missa que marca o início de papado, que o chefe da Igreja tem a função de zelar seus valores, porém sem se voltar para si próprio. Diante de uma multidão na praça São Pedro, declarou: "Se a pedra [angular] é Cristo, Pedro deve apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas."
"Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas trata-se sempre e apenas de amar como fez Jesus", disse.
Ele indicou que a busca de unidade dentro da Igreja será um dos eixos para os próximos anos. "Irmãos e irmãs, gostaria que fosse esse o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado."
Lembrança de Francisco
No início de seu discurso, o novo pontífice lembrou seu antecessor, Francisco, cuja morte "encheu de tristeza nossos corações". Ecoando o papa argentino, ele criticou o sistema econômico que "explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres".
Em sinal de humildade, afirmou: "Fui escolhido sem nenhum mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria." Segundo Leão 14, os cardeais no conclave tinham o desejo de eleger "um pastor capaz de guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, de olhar para longe, para ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje".
O papa exaltou o espírito missionário que a Igreja deve percorrer, sem se fechar nem se colocar como superior. "Somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo", afirmou.
Fome em Gaza e paz na Ucrânia
No fim da missa, o papa pronunciou a oração Regina Coeli, que substitui o dominical Angelus no período da Páscoa. Leão 14 mencionou os conflitos em andamento, como na Ucrânia e em Gaza, destacando a fome no território palestino. "Na alegria da fé e da comunhão, não podemos esquecer os irmãos e irmãs que sofrem por causa das guerras. Em Gaza, as crianças, as famílias e os idosos sobreviventes estão reduzidos à fome", disse.
"Em Mianmar, novas hostilidades ceifaram vidas jovens e inocentes. A martirizada Ucrânia espera finalmente negociações para uma paz justa e duradoura", disse o papa.
Antes, ele afirmou ter sentido a presença de Francisco durante a missa. "Senti fortemente a presença espiritual do papa Francisco, que do céu nos acompanha nesta dimensão de comunhão dos santos".
Papamóvel
Do seu papamóvel, o papa Leão 14 cumprimentou o público presente na praça São Pedro na manhã deste domingo (18).
O percurso, que começou às 4h (9h em Roma), incluiu a via da Conciliazione, principal ligação da Cidade do Vaticano com Roma, e foi até a praça Pia, nas proximidades do castelo de Santo Angelo. Em um dia de sol em Roma, ele acenou para milhares de fiéis.

