SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - A jornalista russa que protestou contra a guerra contra a Ucrânia ao vivo em um canal estatal, Marina Ovsyannikova, disse nesta quinta-feira (17) que pediu demissão. Ela contou a informação durante uma entrevista à emissora francesa France 24.

Marina contou que pediu demissão do seu cargo de editora do Channel One, uma TV estatal russa. Na entrevista, ela afirmou que já entregou todos os documentos necessários para se desligar da emissora e que este é um processo burocrático.

Na última segunda-feira (14), Marina apareceu ao vivo segurando um cartaz que dizia "pare a guerra" atrás da apresentadora do telejornal. Ela foi detida pelo protesto e rapidamente julgada. Marina não pegou pena de prisão, mas teve que pagar 30 mil rublos de multa, o equivalente a cerca de R$ 1.400.

Ainda à TV francesa, a jornalista afirmou que seu ato teve consequências para sua família. Ela, que tem dois filhos, afirmou que um deles demonstrou sinais de ansiedade e que disse que a mãe "destruiu" a vida familiar.

Marina, no entanto, mantém seu posicionamento crítico ao governo do presidente Vladimir Putin e à invasão da Ucrânia. Ela diz que explicou ao filho que na vida é preciso "reagir e tomar decisões complicadas".

"Acima de tudo, devemos acabar com essa guerra fratricida. Devemos parar com essa loucura antes de chegarmos a algo como uma guerra nuclear. Então, acho que quando meu filho for um pouco mais velho, ele poderá entender meu gesto", defendeu a jornalista.

Ela contou à France 24 que já participou de diversos protestos contra a guerra em Moscou, mas que os considera ineficazes porque são demasiadamente controlados.

ASILO RECUSADO

O presidente da França, Emmanuel Macron, ofereceu asilo político para Marina Ovsyannikova, mas ela rejeitou.

"Não quero deixar o nosso país. Sou uma patriota, meu filho mais ainda. De forma alguma queremos ir embora, não queremos ir para lado nenhum", declarou Marina à revista alemã Der Spiegel.

Apesar de ter sido libertada após o pagamento da multa, Marina ainda corre o risco de ser presa devido a uma lei recente que reprime a divulgação de informações consideradas falsas sobre os militares russos.