São Paulo e Brasília - O Exército de Israel negou que venha disparando mísseis contra civis palestinos, incluindo aqueles que tentam se descolar do norte para o sul da Faixa de Gaza. Em entrevista a jornalistas sul-americanos nesta segunda-feira (16), o porta-voz dos reservistas das Forças de Defesa de Israel, major Roni Kaplan, disse que Israel "faz enormes esforços para minimizar a perda de vidas em Gaza".

Segundo ele, é o Hamas o responsável por inibir o deslocamento de palestinos. "O Hamas está cometendo duplo crime de guerra, ao atacar civis israelenses e utilizar civis da Faixa de Gaza como escudo humano", afirmou.

Na sexta (13), um bombardeio na via Salah-al-Din, usada para a locomoção de civis, matou 70 pessoas, incluindo crianças e mulheres. Tel Aviv diz investigar o caso, mas nega que o disparo tenha vindo de seu lado da fronteira.

"Estamos em guerra contra o Hamas, e o objetivo é assegurar que os horrores e atrocidades do dia 7 nunca mais voltem a ocorrer. Para conseguir isso, é necessário erradicar a capacidade militar do Hamas. É uma guerra de autodefesa; temos o dever, a obrigação e o direito de proteger nosso povo", completou, enfatizando que Israel segue o direito internacional em suas ações.

Um ataque com foguetes do Hamas contra Tel Aviv nesta segunda levou o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a se abrigarem em um bunker durante um encontro no centro de comando do Ministério da Defesa de Israel.

Segundo o governo dos EUA, a medida ocorreu durante o soar de sirenes, e os dois políticos ficaram ao todo cinco minutos abrigados, voltando então para a reunião que faziam sobre a guerra do Estado judeu contra o Hamas palestino.

Ronen Bar, diretor da agência de inteligência doméstica israelense Shin Bet, assumiu a responsabilidade pela falha em prever o ataque devastador do grupo terrorista Hamas ao país no dia 7 de outubro. "Apesar de uma série de ações que tomamos, infelizmente no sábado [dia da ofensiva] fomos incapazes de gerar alerta suficiente para evitar o ataque", afirmou Bar em uma declaração. "Como aquele que dirige a organização, a responsabilidade por isso é minha. Haverá um tempo para investigações. Agora nós lutamos", disse.

REPATRIAÇÃO

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta segunda que vários países da América do Sul solicitaram ajuda do Brasil para repatriar seus cidadãos no conflito Israel-Hamas. Ele ressaltou, no entanto, que o governo está concentrado em repatriar primeiro os brasileiros nas operações.

Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina são alguns dos que teriam pedido ao governo brasileiro carona para que seus cidadãos voltassem ao continente nos voos da FAB (Força Aérea Brasileira) que têm partido de Israel. A operação brasileira, batizada de Voltando em Paz, já trouxe 916 pessoas e 24 animais domésticos de volta do Oriente Médio. Até a quarta-feira (18), terão sido mais de 1.100 resgatados.

Padilha participou de uma videoconferência do presidente Lula (PT) com outros ministros em que a guerra foi discutida.

A prioridade do governo no conflito tem sido repatriar com segurança os brasileiros na região. Há um grupo de 28 pessoas que tenta há dias deixar a Faixa de Gaza, mas a fronteira com o Egito está fechada para passagem.

As negociações para permitir a saída do grupo envolvem Egito, Israel e Estados Unidos. O objetivo do governo brasileiro é garantir uma saída segura para eles, além de ajudar a estabelecer um corredor humanitário para a entrada de ajuda em Gaza.

O governo de Israel negou nesta segunda-feira ter firmado um cessar-fogo temporário com o grupo terrorista Hamas para a retirada de civis de Gaza. Milhares de pessoas continuam encurraladas no território à espera de um acordo para fugir da região rumo ao Egito.

O comunicado israelense foi publicado após a agência de notícias Reuters divulgar que Israel, Egito e EUA tinham concordado com uma trégua na região sul a partir das 3h (no horário de Brasília) desta segunda para a reabertura da passagem de Rafah, que liga Gaza ao território egípcio.