JerusalémRepresentantes dos Governos de Israel e da Autoridade Nacional Palestina (ANP) realizarão, a partir de amanhã, uma nova rodada de negociações para tentar aliviar a crítica situação humanitária da população da Cisjordânia e Gaza, informou ontem a rádio pública israelense. Participarão dos encontros o ministro de Assuntos Exteriores de Israel, Shimon Peres, e, provavelmente, o assessor econômico de Yasser Arafat, Mohamed Rashid.
Os contatos entre Israel e a ANP foram interrompidos na quarta-feira devido a dois atentados contra civis israelenses no assentamento judeu de Emanuel e em Tel Aviv, que deixaram 12 mortos.
Segundo a fonte, o objetivo das negociações será discutir as medidas já decididas pelo Governo israelense para tentar melhorar a situação da população palestina, há um mês sob toque de recolher na Cisjordânia e completamente isolada pelo Exército na Faixa de Gaza.
Entre essas medidas estão a autorização para 5.000 operários palestinos entrarem em território de Israel para trabalhar, assim como a suspensão do toque de recolher na Cisjordânia durante as horas à luz do dia com o objetivo de reativar o comércio e permitir que a população saia de suas casas.
IlegalidadeO assessor jurídico do Governo israelense, Eliakim Rubinstein, afirmou ontem que o Exército não pode deportar em massa os familiares dos palestinos envolvidos em ações terroristas, mas sim àqueles que têm ''uma relação direta'' com os ataques contra Israel. ''Os familiares dos terroristas serão deportados à Faixa de Gaza, só se demonstrarem um vínculo ou um envolvimento direto nos atentados'', disse Rubinstein no fim de uma reunião de assessoria com a procuradora-geral do Estado, Edna Arbel, e outros juristas.
As declarações do assessor jurídico coincidem com um debate nos círculos políticos, militares e judiciais sobre se Israel pode legalmente expulsar da Cisjordânia 21 palestinos presos na madrugada passada na cidade de Nablus. O Exército quer deportar à Faixa de Gaza os 21 presos que têm vínculos familiares de primeiro grau com os autores dos dois últimos atentados no assentamento judeu de Emanuel e em Tel Aviv.
''Não haverá castigos coletivos nem deportação indiscriminada de familiares'', informou o assessor jurídico do Governo ao Exército.
Rubinstein acrescentou que será realizado uma nova rodada de reuniões com juristas e militares nos próximos dias, para decidir inclusive se, caso haja um envolvimento direto de algum familiar, sua deportação da Cisjordânia é legal.
Impotente para impedir os ataques dos suicidas palestinos, o Governo israelense estuda agora a aplicação de severos castigos contra os familiares diretos de terroristas. O porta-voz do Ministério do Exterior, Daniel Taub, afirmou ontem que os castigos pretendem dissolver o ''ambiente de apoio'' que os terroristas suicidas têm em suas casas.