SÃO PAULO, SP - Ventos fortes que superalimentaram os incêndios e varreram bairros inteiros de Los Angeles, nos Estados Unidos, finalmente diminuíram na noite de sexta-feira (10), trazendo algum alívio aos bombeiros exaustos, mas o maior deles mudou de direção, desencadeando novas ordens de retirada. O número de mortos subiu para 11, e autoridades alertam que pode haver mais vítimas, já que muitos seguem desaparecidos.

No sábado (11), as chamas avançaram para mais áreas residenciais, especialmente em Pacific Palisades, de acordo com o jornal Los Angeles Times. "O incêndio de Palisades teve um novo aumento significativo na porção leste e continua a se mover para o nordeste", disse o capitão do Departamento de Bombeiros de LA, Erik Scott.

O fogo, que devastou áreas entre Santa Mônica e Malibu desde terça-feira (7), estava apenas 8% contido, de acordo com a Cal Fire, agência estadual responsável pelo combate a incêndios florestais e pela gestão de recursos naturais na Califórnia . Em resposta, Los Angeles instaurou um toque de recolher das 18h às 6h para áreas onde houve retirada de moradores e enviou a Guarda Nacional para garantir a segurança.

A área queimada nesta semana é maior do que os limites de cidades como San Francisco, Boston ou Miami. Até a manhã de sábado, mais de 100 mil pessoas estavam sob ordens de retirada, e cerca de 160 mil clientes de eletricidade não tinham energia elétrica.

O fogo já consumiu 55 km² de vegetação seca em Palisades. O Getty Center, importante ponto cultural, também foi afetado. Em Eaton, que já teve devastação de 57 km², as chamas seguem avançando com apenas 3% de contenção. Juntos, os dois incêndios estão entre os cinco mais destrutivos na história da Califórnia, com milhares de casas em ruínas.

Autoridades americanas declararam uma emergência de saúde pública, em decorrência dos milhares de desabrigados e do risco que a fumaça representa. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, ordenou uma revisão sobre a escassez de água, que dificultou o combate às chamas. As causas dos incêndios ainda estão sendo investigadas.

Entre os mortos estão um homem na casa dos 60 anos que morava na casa de sua infância e dirigia um hemocentro; um engenheiro aeroespacial aposentado e um diácono ativo da igreja; e um técnico de farmácia aposentado que os vizinhos chamavam de "um anjo".

Sete estados vizinhos, o governo federal e o Canadá enviaram ajuda à Califórnia, reforçando equipes aéreas que lançavam água e retardante de fogo nas colinas em chamas e equipes no solo atacando as linhas de fogo com ferramentas manuais e mangueiras.

DESTRUÍDA MANSÃO QUE FOI CENÁRIO DE 'SUCCESSION'

Uma das casas que serviu de cenário para a série "Succession" (HBO), foi devastada no mega incêndio que atinge Los Angeles. Trata-se da mansão mais cara de Pacific Palisades, bairro de luxo que é um dos principais atingidos na tragédia. A casa é avaliada em US$ 125 (cerca de R$ 750 milhões).

A mansão, de design futurista, tinha quatro andares, 18 suítes, seis banheiros, cinema particular com 20 lugares, adega e mirante. Segundo o site Daily Mail, não sobrou nada. O proprietário é o bilionário da tecnologia Austin Russell, 29, dono da Luminar Technologies, que produz carros elétricos.

A casa serviu de locação para a quarta temporada da série da HBO, que é focada na disputa entre quatro irmãos pela herança do império bilionário do pai. A área externa, com uma piscina de design, é um dos cenários frequentes das cenas dos irmãos Kendall (Jeremy Strong), Roman (Kieran Culkin), e Shiv Roy (Sarah Snook). (Anhai Martinho/ Folhapress)