São Paulo - Homens armados atacaram duas igrejas ortodoxas, duas sinagogas e um posto policial em dois pontos do sudoeste da Rússia no domingo (23), matando 20 pessoas, de acordo com o balanço mais recente de autoridades do país.

Segundo declaração desta segunda-feira (24) do Ministério da Saúde local, pelo menos outras 26 pessoas ficaram feridas no domingo. "Dessas 26, algumas estão em estado mais grave, de modo que a cifra de 20 [mortos] ainda pode aumentar", afirmou à agência de notícias AFP um porta-voz da pasta.

O comitê de investigação que abriu uma apuração por "atos terroristas" afirmou que há 15 agentes das forças de segurança entre os mortos.

O ataque começou no final da tarde (por volta do meio-dia em Brasília) em ambas as cidades - as principais do Daguestão, república russa majoritariamente muçulmana no Cáucaso, república que forma um mosaico de grupos étnicos e idiomas entre o Mar Cáspio e o Mar Negro.

Em Derbent, lar de uma antiga comunidade judaica e Patrimônio Mundial da Unesco, homens com armas automáticas entraram em uma igreja ortodoxa, tentaram incendiar uma figura religiosa e depois abriram fogo, matando o padre Nikolai Kotelnikov, 66. Na mesma cidade, um ataque contra uma sinagoga deixou a construção em chamas, segundo imagens da imprensa russa.

Em Makhatchkala, a pouco mais de 120 km de Derbent, outro ataque acontecia ao mesmo tempo. Nesse município, que é a capital local da República do Daguestão, os agressores dispararam contra um posto de polícia de trânsito e atacaram uma igreja.

Houve troca de tiros ao redor da Catedral da Assunção e, segundo o representante da Federação de Comunidades Judaicas da Rússia, Boruch Gorin, a sinagoga de Makhachkala também foi incendiada.

Acredita-se que não havia fiéis nas sinagogas naquele momento, segundo uma nota do ministério das Relações Exteriores de Israel.

De acordo com a pasta da saúde local, 46 pessoas ficaram feridas nos ataques.

Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques. Mesmo assim, o chefe do governo regional de Daguestão, Serguei Melikov, afirmou, sem dar detalhes, que forças estrangeiras estão envolvidas.

"Entendemos quem está por trás da organização dos ataques terroristas e qual objetivo eles buscavam", disse. "Temos que compreender que a guerra também chega às nossas casas. Nós a sentíamos, mas hoje a vivemos."

Apesar da aparente referência à Ucrânia, Melikov afirmou nesta segunda que os autores do ataque vieram do Daguestão, segundo agências de notícias estatais russas. O político foi nesta segunda à sinagoga de Derbent. Em um vídeo publicado por seu gabinete, ele é visto caminhando pelo interior do prédio, onde ainda são visíveis manchas de sangue no chão.

A mídia estatal da Rússia disse que entre os agressores mortos estavam dois filhos e um sobrinho de Magomed Omarov, chefe do distrito de Sergokala, no centro de Daguestão, e que ele havia sido detido por investigadores.

As identidades dos cinco agressores mortos foram estabelecidas e a operação iniciada após os ataques terminou na manhã desta segunda-feira (24), anunciou o Comitê Antiterrorista Russo.

O chefe da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo 1°, pediu resistência a qualquer tentativa de radicalização. "Estou convencido de que é necessário fazer tudo o que for possível para excluir a própria possibilidade de tentativas de radicalizar a vida religiosa, de parar qualquer manifestação de extremismo e hostilidade interétnica em qualquer forma", disse. "O presente e o futuro de nosso país dependem disso."

O ataque renovou temores de uma onda de radicalização islâmica - há três meses, 145 pessoas foram mortas em um ato reivindicado pelo Estado Islâmico em uma casa de shows perto de Moscou, o pior ataque terrorista da Rússia em anos.

Antes disso, em outubro do ano passado, logo após o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, manifestantes agitando bandeiras palestinas quebraram portas de vidro e saquearam o aeroporto de Makhachkala após o pouso de um voo vindo de Tel Aviv.

Mais recentemente, no fim de semana passado, vários membros do Estado Islâmico morreram depois de fazer dois agentes penitenciários como reféns em uma prisão no sul da Rússia, segundo as autoridades.