São Paulo - A guerra da Rússia na Ucrânia completou nesta terça-feira (24) três meses com ataques constantes ao território ucraniano, principalmente no leste do país. "Que outro país resistiu a tantos ataques?", questionou, no pronunciamento noturno de terça-feira (23), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, citando que o território foi alvo de "mais de 3.000 ataques aéreos de aeronaves e helicópteros russos" desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Smoke and dirt ascends after a strike at a factory in the city of Soledar at the eastern Ukranian region of Donbas on May 24, 2022, on the 90th day of the Russian invasion of Ukraine. (Photo by ARIS MESSINIS / AFP)
Smoke and dirt ascends after a strike at a factory in the city of Soledar at the eastern Ukranian region of Donbas on May 24, 2022, on the 90th day of the Russian invasion of Ukraine. (Photo by ARIS MESSINIS / AFP) | Foto: Aris Messinis/AFP

Zelensky disse acreditar que "as próximas semanas da guerra serão difíceis", indicando que os russos não vão desistir de áreas ocupadas e que "eles estão tentando reforçar suas posições". "No entanto, não temos alternativa a não ser lutar. Lutar e vencer. Libertar nossa terra e nosso povo. Porque os ocupantes querem nos tirar não apenas algo, mas tudo o que temos. Incluindo o direito à vida para os ucranianos."

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse na terça-feira (24) que o "ritmo da ofensiva" russa teria diminuído em razão de corredores humanitários e "regimes de silêncio" em algumas áreas no território ucraniano. "É claro que isso diminui o ritmo da ofensiva, mas isso é feito deliberadamente para evitar baixas civis."

Atualmente no 90º dia da guerra, o governo da região russa de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia, prolongou por mais duas semanas o nível amarelo de ameaça terrorista, até 8 de junho. "Isso ajudará nossos serviços especiais a manter o povo de Kursk seguro", disse o governador Roman Starovoit. Na semana passada, houve um ataque perto da fronteira. A área está neste nível de ameaça - são três, no total - desde 11 de abril.

A região ucraniana de Sumy, no nordeste do país e próxima a Kursk, sofreu novos ataques, com a cidade de Bilopillia sendo atingida. Autoridades ucranianas também relataram ataques em pontos das regiões de Kharkiv, Lugansk, Donetsk, no leste, e Mykolaiv, no sudeste.

A inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido disse, em informe divulgado na terça-feira (24), que "tem havido forte resistência ucraniana com forças ocupando posições defensivas bem entrincheiradas". Os britânicos, aliados dos ucranianos, também avaliaram que a "Rússia aumentou a intensidade de suas operações no Donbass [área com separatistas no leste], uma vez que procura cercar Sievierodonetsk, Lyschansk e Rubizhne".

Segundo o Reino Unido, a captura de Sievierodonetsk colocaria toda a região de Lugansk sob ocupação russa. "Embora atualmente seja o principal esforço da Rússia, esta operação é apenas uma parte da campanha da Rússia para capturar o Donbass".

O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças derrubaram um caça MiG-29, do exército ucraniano, na região de Kramatorsk, no leste da Ucrânia. A informação não foi confirmada pelo Ministério da Defesa da Ucrânia.

Na região de Belarus, país vizinho e aliado da Rússia, a Ucrânia disse ter observado a presença de um sistema móvel de lançamento de mísseis a 50 quilômetros da fronteira. "A ameaça de mísseis e ataques aéreos contra os objetos de nosso Estado a partir do território da República de Belarus está crescendo", disse o Ministério da Defesa da Ucrânia.

Os ucranianos também relataram que a Rússia "continua a tomar medidas para fortalecer a cobertura da fronteira ucraniana-russa nas regiões de Bryansk e Kursk e impedir a transferência de nossas tropas para outras direções".

Segundo a Defesa ucraniana, "o inimigo continua a usar táticas de terror contra a população civil nos territórios ocupados, e a situação socioeconômica no sul e leste da Ucrânia continua a se deteriorar".