SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A fotógrafa brasileira Tati Boudakian está arrecadando fundos para um curta-metragem sobre a migração armênia para o Brasil. O filme, que mistura formatos de documentário e ficção, vai contar a história da jovem Anushik -que viajou a passeio para o Brasil e decidiu ficar. Ela é hoje professora de armênio em São Paulo, onde existe uma importante comunidade daquele país. O filme deve se chamar “Dehatsí- Eu Era Outro Lugar”. Em armênio, “dehatsí” quer dizer algo como “nativo”.

O curta de Boudakian vai usar a trajetória de Anushik para desfiar uma série de outras histórias. Por exemplo, a do genocídio de armênios no Império Otomano no início do século 20. A Armênia diz que 1,5 milhão de pessoas foram mortas, enquanto a Turquia, herdeira daquele império, fala em entre 300 e 400 mil. Para quem quiser saber mais sobre o genocídio armênio, publiquei uma longa reportagem sobre o tema em 2014. Boudakian é neta de sobreviventes do episódio. “Meus avós fugiram para o Brasil ainda crianças e foram encontrando espaços para se desenvolverem aqui”, escreve na página do projeto. “Eu não os conheci, mas sinto que a cada ano eu me aproximo mais deles.”

Falando de genocídio, da migração histórica e da chegada mais recente de gente como Anushik, Boudakian espera construir uma ponte entre a Armênia e São Paulo. Uma ponte que fala de língua, identidade e cultura. “É um filme sobre a Armênia, sobre São Paulo, sobre migrantes, sobre todos nós”, a fotógrafa escreve na sua página.

A meta de Boudakian é arrecadar R$ 30 mil para financiar o projeto. Para cada real arrecadado, outro será doado para as vítimas dos confrontos recentes entre Armênia e Azerbaijão na região de Nagorno-Karabach. A doação é feita pela União Geral Armênia de Beneficência, uma entidade internacional sem fins lucrativos no Brasil desde 1964.