São Paulo - A explosão de um carro nos arredores de Moscou na noite deste sábado (20) matou a filha do controverso filósofo Aleksandr Dugin, um dos principais mentores da expansão territorial russa.

O Ministério de Relações Exteriores da Rússia especula que a Ucrânia poderia estar por trás do ataque
O Ministério de Relações Exteriores da Rússia especula que a Ucrânia poderia estar por trás do ataque | Foto: Comitê de Investigação da Rússia/AFP

A identidade de Daria Dugina, de 30 anos, foi confirmada por um conhecido dela, o líder do movimento social Horizonte Russo Andrei Kranov, à agência de notícias oficial russa Tass neste domingo (21).

Segundo Krasnov, o SUV preto que explodiu pertencia ao próprio Dugin. Especula-se que era ele o alvo original da bomba. O filósofo esteve na cena do crime logo após o ataque, visivelmente em choque, de acordo com vídeos que circulam nas redes sociais.

Autoridades russas disseram que um dispositivo explosivo foi plantado embaixo do lado do motorista no carro e que se acredita que o ataque seja um "crime premeditado". Também declararam ter aberto uma investigação sobre o caso.

Reportagem da RT, rede de TV estatal russa, afirma que Dugina dirigia o carro numa rua a cerca de 30 quilômetros de Moscou quando ele explodiu. O veículo foi engolido pelo fogo e bateu em uma cerca.

Os socorristas que a atenderam dizem que ela morreu na hora, mas que seu corpo foi desfigurado pelas chamas. Ainda segundo a RT, relatórios preliminares indicam que uma bomba caseira pode ter provocado a explosão, mas o incidente ainda será alvo de investigação.

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O Ministério de Relações Exteriores da Rússia especulou que a Ucrânia poderia estar por trás do ataque, segundo a agência de notícias Reuters. O país ora invadido pelo Kremlin negou envolvimento.

Maria Zakharova, porta-voz da chancelaria russa, afirmou que um possível envolvimento ucraniano, caso confirmado nas investigações, apontaria para uma política de "terrorismo de Estado" instituída por Kiev.

O conselheiro do presidente ucraniano, Mikhailo Podoliak, negou a participação da Ucrânia na morte de Dugina e atribuiu a culpa a conflitos internos entre "diversas facções políticas" da Rússia. Ele ainda sugeriu que o incidente teria sido uma resposta "cármica" aos apoiadores das ações russas na Ucrânia.

No sábado (20), Dugin deu uma aula em um festival tradicional na região de Moscou, e sua filha esteve no evento. Alguns dos presentes disseram que o filósofo a princípio planejava sair do festival junto com a filha, mas depois decidiu partir em um carro diferente.

Os Estados Unidos impuseram sanções contra Dugin por apoiar militantes na Ucrânia oriental. Daria Dugina compartilhava das opiniões do pai e as promovia como apresentadora de rádio e TV. Em julho, o governo britânico impôs sanções a ela, classificando-a como "frequente e proeminente contribuinte de desinformação em relação à Ucrânia e à invasão russa à Ucrânia em diversas plataformas on-line".

Chamado por muitos de "ideólogo de Putin" e comparado em influência ao brasileiro Olavo de Carvalho, Dugin é criador da Quarta Teoria Política, em que defende uma alternativa às três ideologias que dominaram o século 20: liberalismo, comunismo e fascismo.

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