Familiares não desistem de Elián
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sexta-feira, 14 de abril de 2000
Associated Press
De Miami
Com uma relativa calma retornando às ruas de Little Havana, o caso da custódia de Elián González transferiu-se ontem para os tribunais, onde familiares de Miami do menino cubano invocaram a Declaração dos Direitos Humanos da ONU para tentar mantê-lo nos Estados Unidos e o governo americano exigiu que o garoto seja entregue a seu pai.
Os parentes, que perderam o caso de custódia no Tribunal de Família da Flórida e apelaram da decisão numa corte federal, atacaram num novo front legal.
Eles argumentaram numa corte federal em Washington que Elián deveria ser impedido de deixar o país até que o governo dos EUA possa certificar que seus direitos humanos não serão violados caso retorne a Cuba.
Em Cuba, Elián correria o risco de ser perseguido por ter buscado asilo nos Estados Unidos, afirmou o advogado de seu tio-avô de Miami Lázaro González em documentos apresentados ontem. Um juiz decidiu ouvir o caso na quarta-feira.
Enquanto isto, o governo dos EUA respondeu em Atlanta a uma injunção concedida por uma corte federal na quinta-feira que impede que Elián deixa temporariamente o país.
O governo argumentou que Lázaro González não deveria receber ajuda de cortes de apelação até que entregue o menino de seis anos a seu pai, que por sua vez concordou em permanecer nos EUA até que seja esgotada a batalha legal. O governo chamou Lázaro de um mero parente distante.
O acolhimento da injunção serviu para desarmar a crise na quinta-feira, quando os parentes de Miami ignoraram um prazo final estabelecido pelo governo para a entrega do menino.
Milhares de pessoas haviam se concentrado na frente da casa de Lázaro González em Miami, ameaçando resistir a qualquer tentativa do governo de impor sua vontade e pegar Elián. Quando a injunção foi concedida, o Departamento de Justiça concordou em não tentar reunir Elián com seu pai por alguns dias.
Ontem, cerca de 100 cubano-americanos mantiveram uma vigília, sob intensa chuva, na frente da casa de Lázaro. Muitos se abrigaram sob plásticos azuis e rezavam. Elián e sua prima Marisleysis, de 21 anos, apareceram na porta da frente e acenaram para a multidão.