Associated Press
De Miami
Autoridades do serviço de imigração disseram ontem aos parentes de Miami de Elián Gonzalez que se eles não assinarem até quinta-feira um documento se comprometendo a entregar o menino cubano caso percam uma batalha judicial, a custódia do garoto de seis anos será revogada.
‘‘Eles falaram ‘Se vocês não assinarem o documento, vamos remover Elián’’ , afirmou o porta-voz da família Armando Gutierrez.
Gutierrez e advogados dos parentes americanos do menino estavam visivelmente frustrados quando saíram na manhã de ontem de uma reunião com o Serviço de Naturalização e Imigração (sigla em inglês, INS), na qual as autoridades esperavam que eles assinariam o documento.
‘‘Não sei o que mais eles querem da família Lazaro Gonzalez’’, disse Gutierrez. ‘‘Eles (funcionários do INS) estão seguindo ordens ou de advogados do (presidente dos EUA, Bill) Clinton ou de Fidel (Castro), e eles precisam dar uma resposta à comunidade e ao mundo. Foram eles que puseram esse garoto na casa de Lazaro, e eles querem que ele assine um documento em branco, o que não é a forma americana de negociar’’.
Os parentes americanos de Elián entraram com um recurso numa corte de apelação de Atlanta pedindo a reversão de uma decisão de um juiz federal a favor do INS. O serviço de imigração, que determinou em janeiro que o garoto deveria ser devolvido ao pai, Luis Miguel González, em Cuba, considera que o Judiciário não tem jurisdição sobre o caso, interpretado como uma questão de imigração.
Na semana passada, um juiz da Flórida recusou um pedido dos familiares de Elián em Miami para que fosse concedido ao garoto status de asilado político. O magistrado Michael Moore sentenciou que Elián era muito jovem para requerer o asilo e não reconheceu o direito dos tios-avós de Miami de representá-lo.
A família de Elián na Flórida argumenta ainda com fatos místicos para evitar a devolução do garoto ao pai. Lázaro González assegura ter visto a imagem da Virgem Maria no espelho do quarto onde Elián dorme. Outros moradores de Miami garantiram que a mesma imagem apareceu também na porta de vidro de uma agência bancária do centro da cidade.
Um dos líderes do anticastrismo em Miami, Ramón Saúl Sánchez, afirmou ontem que nessa cidade ‘‘há muitas pessoas dispostas a morrer’’ com o objetivo de evitar que o garoto Elián González seja repatriado a Cuba. Uma centena de pessoas permanece por trás das barreiras colocadas pela polícia de Miami em frente à casa onde mora o menino cubano, no bairro de Little Havana.
Essas pessoas estão dispostas a formar uma ‘‘cadeia humana’’ se agentes de imigração aparecerem para levar Elián. ‘‘Parece que dias muito ruins estão por vir nessa cidade’’, afirmou hoje uma das pessoas reunidas em frente à residência.
Ao se aproximar aquele que parece ser o ponto crítico na saga de Elián González, Miami vive um verdadeiro clima de tensão e frustração. As oito estações locais de televisão, em inglês e espanhol, constantemente suspendem a programação regular para veicular reportagens e boletins informativos sobre a batalha legal pelo garoto.