O Japão foi atingido durante a tarde (no horário local) do dia 1° de janeiro por um terremoto que chegou a alcançar 7,6 de magnitude. Em uma viagem para visitar parentes e conhecer as cidades e pontos turísticos do país, uma família de Ibiporã relatou o desespero durante os tremores, que duraram cerca de um minuto, mesmo a 200 quilômetros de distância do epicentro.

O funcionário público estadual Darlan José Henrique Costa, 41, desembarcou no Japão no dia 24 de dezembro com a esposa, Ana Cláudia Figueira Ribeiro, 45, com os filhos, Heitor Figueira Costa, 6, e Beatriz Kiwa Mitsugi, 23, e com a sogra, Edinete Maria Figueira, 75. A viagem, que estava planejada para acontecer em 2020, mas teve que ser adiada por conta da pandemia, tem como objetivo visitar os cunhados, que ele havia visto pela última vez em 2016, e para conhecer os pontos turísticos e cidades da ilha.

Durante a tarde do primeiro dia do ano de 2024, por volta das 16h no horário local, Costa e a família estavam tomando um lanche na praça de alimentação de um shopping na cidade de Konan, onde os cunhados vivem, a cerca de 200 quilômetros de distância de Ishikawa, região mais afetada pelo terremoto. Durante a refeição, ele conta que sentiu a mesa começar a balançar, mas, a princípio achou que o filho fosse o responsável. “Eu falei para ele parar de balançar a mesa que o papai estava comendo, mas daí ele falou que não estava balançando. Eu olhei para a minha sogra e vi que realmente estava acontecendo alguma coisa”, relata.

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Segundo ele, nesse momento algumas pessoas que estavam na praça de alimentação começaram a entrar embaixo das mesas. Ele conta que era possível ver os lustres, mesas e copos balançando, mas que a estrutura do shopping permaneceu intacta. “[Mesmo a 200 quilômetros de distância] já deu para assustar bastante, então eu fico imaginando [como foi] lá no epicentro do terremoto”, aponta.

O funcionário público afirma que, no início, a primeira reação que ele teve foi a de querer correr, mas que parou e começou a observar o que os japoneses, já acostumados aos frequentes tremores, estavam fazendo. “Eles se abaixam e ficam esperando passar”, detalha. A sensação, segundo ele, é de uma chacoalhada, que durou cerca de um minuto, mas que o sentimento é de não saber o que fazer perante à situação.

Logo após os tremores, os funcionários do shopping vieram avisar que todos ali já estavam em segurança. O cunhado de Costa, que já mora há mais de 20 anos no Japão, estava junto no momento e ajudou a acalmar a família. Eles permaneceram por mais uma hora no local e então foram para casa. Segundo ele, o trânsito estava bastante intenso.

Darlan Costa detalha que os noticiários tratavam do terremoto e ainda indicavam que os moradores de algumas regiões litorâneas deveriam evacuar e procurar refúgio em áreas mais elevadas por conta do risco de tsunami, mas que para eles, por conta da distância, não havia essa orientação.

Agora, segundo ele, as autoridades alertam para a possibilidade de que novos tremores de mesma intensidade sejam sentidos na semana que vem. A princípio, a família vai ficar no país até 20 de janeiro e que, por enquanto, eles devem seguir o roteiro, que ainda inclui a capital, Tóquio. “A gente vai evitar esses lugares que são mais para o lado do mar do Japão”, explica, complementando que pretendem ficar mais na região de Konan, assim como de Kyoto, para conhecer os templos budistas. “Eu confesso que com um medinho a gente fica”, admite.

A respeito do sentimento nacional com o desastre, ainda mais no primeiro dia do ano, ele conta que a cunhada, que é japonesa, ficou muito abalada, principalmente pela possibilidade de os tremores terem deixado uma grande quantidade de mortos. Até o momento, as autoridades confirmaram ao menos 48 vítimas fatais.

Sobre passar por uma situação tensa como essa durante a viagem para rever os parentes e aproveitar as férias, Costa afirma que é uma mistura de sentimentos. “É um pouco de dissabor, você fica receoso do restante da viagem, do que pode acontecer, mas você tem que tentar ficar calmo e aproveitar porque a gente não tem o que fazer. Mas o sentimento de medo fica”, afirma.