Exército nega assassinato de estudante em Timor
PUBLICAÇÃO
sábado, 15 de novembro de 1997
AE-Reuters Jacarta
Pelo menos um estudante do Timor Oriental foi morto ontem quando seguranças abriram fogo no campus de uma universidade na capital Dili, disseram os estudantes. Manuel Abrantes, da Comissão Justiça e Paz, um grupo relacionado à Igreja Católica, disse à rádio TSF em Portugal que o incidente aconteceu depois de uma briga entre três estudantes timorenses e dois soldados à paisana.
Estudantes disseram que dois agentes da inteligência à paisana estavam observando as atividades no campus depois de uma vigília na quarta-feira lembrando o aniversário de um massacre de 1991, no qual tropas mataram 50 manifestantes anti-Indonésia.
Abrantes disse que os estudantes desafiaram os oficiais e perguntaram o que estavam fazendo no campus. Dez minutos depois eles voltaram com mais soldados indonésios, todos armados, e começaram a atirar, disse. Um oficial militar admitiu a ocorrência de um incidente, mas negou que houvesse causado mortes.
Uma fonte diplomática em Jacarta declarou que três pessoas foram gravemente feridas e levadas a um hospital militar. Um visitante à universidade disse que havia grandes poças de sangue em uma sala de aula, com uma trilha de sangue indicando que pelo menos uma pessoa foi arrastada. Um estudante disse: As tropas atiraram na direção dos estudantes e eu vi um estudante cair. Depois, ouvi que um estudante havia morrido.
Carlos Belo, bispo católico de Dili e ganhador do Prêmio Nobel, acusou as tropas de segurança indonésias de agir com brutalidade incalculável contra os estudantes numa declaração feita à rádio portuguesa Antena-1. Ele disse que 14 ou 16 pessoas foram feridas, mas não falou de mortes.
A Indonésia invadiu o Timor Oriental em dezembro de 1975 e o incorporou como sua 27ª província em julho de 1976, numa ação ainda não reconhecida pela ONU.