Pelo menos um estudante do Timor Oriental foi morto ontem quando seguranças abriram fogo no campus de uma universidade na capital Dili, disseram os estudantes. Manuel Abrantes, da Comissão Justiça e Paz, um grupo relacionado à Igreja Católica, disse à rádio TSF em Portugal que o incidente aconteceu depois de uma briga entre três estudantes timorenses e dois soldados à paisana.
Estudantes disseram que dois agentes da inteligência à paisana estavam observando as atividades no campus depois de uma vigília na quarta-feira lembrando o aniversário de um massacre de 1991, no qual tropas mataram 50 manifestantes anti-Indonésia.
Abrantes disse que os estudantes desafiaram os oficiais e perguntaram o que estavam fazendo no campus. ‘‘Dez minutos depois eles voltaram com mais soldados indonésios, todos armados, e começaram a atirar’’, disse. Um oficial militar admitiu a ocorrência de um incidente, mas negou que houvesse causado mortes.
Uma fonte diplomática em Jacarta declarou que três pessoas foram gravemente feridas e levadas a um hospital militar. Um visitante à universidade disse que havia grandes poças de sangue em uma sala de aula, com uma trilha de sangue indicando que pelo menos uma pessoa foi arrastada. Um estudante disse: ‘‘As tropas atiraram na direção dos estudantes e eu vi um estudante cair. Depois, ouvi que um estudante havia morrido’’.
Carlos Belo, bispo católico de Dili e ganhador do Prêmio Nobel, acusou as tropas de segurança indonésias de agir com ‘‘brutalidade incalculável’’ contra os estudantes numa declaração feita à rádio portuguesa Antena-1. Ele disse que 14 ou 16 pessoas foram feridas, mas não falou de mortes.
A Indonésia invadiu o Timor Oriental em dezembro de 1975 e o incorporou como sua 27ª província em julho de 1976, numa ação ainda não reconhecida pela ONU.