EUA 'devastou o programa nuclear iraniano', diz chefe do Pentágono
Pete Hegseth acrescentou que a operação “não teve como alvo tropas ou iranianos”
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domingo, 22 de junho de 2025
Pete Hegseth acrescentou que a operação “não teve como alvo tropas ou iranianos”
France Presse

Washington - Os Estados Unidos "devastaram o programa nuclear iraniano", mas não buscam uma mudança de regime, afirmou o Pentágono, neste domingo (22), no décimo dia da guerra entre Irã e Israel.
Depois de dias de suspense, o presidente americano, Donald Trump, anunciou, no sábado, que “as instalações-chave de enriquecimento nuclear do Irã foram completamente e totalmente destruídas” nos ataques do exército americano contra três fábricas: Fordo, escondida sob uma montanha, Natanz e Isfahan.
Em Teerã, jornalistas da AFP ouviram em toda a cidade o rugido dos aviões sobrevoando a capital.
Horas depois, veículos de comunicação israelenses reportaram "uma forte explosão" na província de Bushehr, no sul do Irã, que abriga a única usina nuclear do país.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou no sábado que um ataque contra esta central acarretaria "uma liberação muito elevada de radioatividade" por "centenas de quilômetros".
Os bombardeios causaram ferimentos, mas "nenhum" apresenta sinais de "contaminação radioativa", afirmou por sua vez o Ministério da Saúde iraniano, sem revelar o número de pessoas hospitalizadas.
Washington garante que seu ataque foi um sucesso.
“Devastamos o programa nuclear iraniano”, declarou o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, durante uma coletiva de imprensa.
Foram usados na operação "Martelo da Meia-noite" sete bombardeiros 'invisíveis' B-2 que voaram por 18 horas sem serem detectados pelos sistemas de mísseis iranianos, informou o chefe do Conjunto Estado-Maior, Dan Caine.
Trump “busca a paz, e o Irã deveria seguir este caminho”, afirmou Hegseth.
Por enquanto, Teerã parece fazer ouvidos moucos. A TV iraniana anunciou que o Irã disparou 40 mísseis contra Israel depois do ataque americano, deixando ao menos 23 feridos, segundo os serviços de emergência israelenses.
Em Ramat Aviv, bairro residencial de Tel Aviv, parte dos prédios foi destruída pelos mísseis iranianos, "Não sobrou nada", disse à AFP Aviad Chernichovsky.
O Exército israelense indicou neste domingo que suas caças atacaram 'dezenas' de posições militares em todo o Irã, incluindo pela primeira vez um local de lançamento de mísseis de longo alcance em Yazd, no centro do país
"Em guerra"
Os Estados Unidos insistem em que seu objetivo não é provocar uma mudança no regime dos aiatolás. “Não estamos em guerra contra o Irã, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano”, disse o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, à emissora americana ABC. Washington atrasou “consideravelmente o programa nuclear iraniano, seja em anos ou inclusive mais”, acrescentou.
Alguns israelenses alimentam a esperança de que o ataque americano seja um ponto de inflexão na guerra.
"Israel por si só não poderia parar (a guerra) [...] E levaria mais tempo", comentou à AFP, em Jerusalém, Claudio Hazan, engenheiro de informática de 62 anos.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, por sua vez, avaliou que Estados Unidos e Israel decidiram fazer "voar pelos ares" as negociações entre Washington e Teerã sobre o programa nuclear iraniano, com a mediação de Omã.
“Esta declaração demonstrou que os Estados Unidos são o principal fator por trás das ações hostis do regime sionista contra a República Islâmica do Irã”, declarou o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirma que "o mundo hoje é mais seguro e estável do que há 24 horas", mas declarou que Washington está disposto a negociar com o Irã, que nega querer se dotar de armas nucleares.
“Se o que eles querem são reatores nucleares para gerar eletricidade, há muitos outros países no mundo que o fazem e não precisam de enriquecer seu próprio urânio, podem fazê-lo”, declarou à Fox News.
Nos últimos dez dias, os bombardeios israelenses atingiram centenas de instalações militares e nucleares na República Islâmica, e mataram militares de alta patente e cientistas envolvidos no programa nuclear.
Irã respondeu com mísseis
O Irã respondeu com lançamentos de mísseis e drones, a maioria interceptados por sistemas de defesa aérea israelenses.
Segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde iraniano, mais de 400 pessoas morreram e mais de 3.000 morreram desde 13 de junho, quando Israel iniciou seus ataques.
Os ataques em represália iranianos deixaram pelo menos 25 mortos em Israel, segundo as autoridades israelenses.
China, Rússia e Omã condenaram firmemente os ataques dos Estados Unidos, e a Arábia Saudita pediu uma desescalada. Iraque e Catar alertaram para o risco de uma desestabilização regional.
A União Europeia instou todas as partes a recuarem.
O Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião de emergência neste domingo, a terceira desde o início desta guerra.
Níveis de radiação atmosférica
As autoridades nucleares do Irã, da Arábia Saudita e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não detectaram níveis de radiação preocupantes após o ataque sem precedentes dos Estados Unidos.
Até agora, Washington tinha limitações para apoiar uma ajuda defensiva a Israel frente aos mísseis iranianos.
A Guarda Revolucionária, Exército ideológico do Irã, alertou Washington que "espera represálias que lamentarão".
Os rebeldes huthis do Iêmen, aliados do Irã, consideraram os bombardeios americanos uma "declaração de guerra".
(Atualizada)

