Os Estados Unidos minimizaram ontem o impacto da ‘‘pausa’’ decidida pelo primeiro-ministro israelense no processo de paz no Oriente Médio. ‘‘Restaurar a ordem na região é assunto prioritário, as duas partes devem continuar comprometidas com a paz evitando ações unilaterais’’, disse o porta-voz do departamento de Estado Philip Reeker. ‘‘É claro que não se pode negociar num clima de violência’’.
Segundo o porta-voz é preciso pôr um fim à violência letal que se prolonga por três semanas e que israelenses e palestinos respeitem seus compromissos de Sharm el-Sheikh, a reunião de cúpula da qual participaram Barak, o presidente americano Bill Clinton e o presidente da Autoridade palestina Yasser Arafat, realizada no Egito.
Um palestino morreu ontem em Hebron (Cisjordânia) por disparos de soldados israelenses, e seus quatro filhos ficaram feridos, segundo uma fonte palestina. Abdel Aziz Abu Snina, de 55 anos, morreu ao ser atingido por um obus dentro de sua casa, segundo a mesma fonte.
Uma fonte militar israelense assegurou que o incidente de Hebron começou por disparos palestinos contra uma ocupação judaica no centro da cidade. Em seguida, soldados israelenses dispararam contra o bairro de onde procediam os tiros, agregou a fonte.
Com esta vítima mortal chega a 135 o número de mortos (115 palestinos, 12 árabes-israelenses, 7 israelenses judeus e um soldado druso do exército israelense) desde que começaram os enfrentamentos, 28 de setembro último.
Cerca de mil palestinos se manifestaram ontem, em Belém (Cisjordânia), fazendo desfilar um jegue (asno) pintado com as cores da bandeira de Israel e com os nomes do primeiro-ministro israelense Ehud Barak e do presidente egípcio, Hosni Mubarak.
O animal, com uma bandeira israelense amarrada em torno do pescoço, foi liberado perto dos soldados israelenses postados ante o Túmulo de Raquel, um lugar santo judeu na entrada de Belém.
Os manifestantes levavam ainda um ataúde simbólico, coberto de bandeiras israelenses e norte-americanas, em que se podia ler: ‘‘aqui jazem os dirigentes árabes’’, acusados pelos palestinos de laxismo (pouca firmeza) ante Israel durante a reunião de cúpula que terminou ontem no Cairo.
Em seguida, houve um confronto entre soldados israelenses e manifestantes palestinos, causando onze feridos por balas de borracha, segundo testemunhas e fontes médicas.
Muitos palestinos acusam Mubarak de ter pressionado o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, durante o encontro de cúpula de Sharm el-Sheikh e de ter impedido a adoção de medidas severas contra Israel durante a cúpula árabe do Cairo.