São Paulo - A ABJD (Associação Brasileira de Juristas pela Democracia), o MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos) e outras entidades brasileiras realizam nesta quinta (23) um evento on-line em defesa da libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O jornalista australiano é acusado de espionagem devido à publicação de centenas de milhares de documentos secretos a partir de 2010. Ele está preso em Londres desde 2019.

O jornalista é procurado por autoridades americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares
O jornalista é procurado por autoridades americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares | Foto: Daniel Leal/AFP/1-5-2019

Os organizadores se opõem a extradição de Assange para os EUA, que foi aprovada pelo governo britânico na sexta (17).

"O Caso Assange: Solidariedade Internacional e as Sérias Violações e Precedentes para a Liberdade de Imprensa" vai acontecer em paralelo à 50ª Sessão Ordinária da Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

Segundo os organizadores, vão participar do evento a mulher de Assange, Stella, e sua advogada, Jennifer Robinson, além de representantes de organizações internacionais como a Federação Internacional dos Jornalistas e os Repórteres sem Fronteiras. O ato será transmitido pelo YouTube ao vivo em inglês e português.

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"Esta será uma excelente oportunidade para denunciar as gravíssimas violações dos direitos humanos implicadas no caso Assange, além de pautar o sistema ONU para que tome providências, defendendo as regras do direito internacional, em especial a Carta da ONU e o artigo 3º da Convenção Europeia sobre os Direitos Humanos", diz Mara Carvalho, da coordenação executiva da ABJD.

Na sexta, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, aprovou a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. Em nota, a pasta disse que os tribunais do país "não consideraram que a extradição seria opressiva, injusta ou um abuso de processo". Em pronunciamento, Stella Assange disse que o australiano vai recorrer da decisão.

O jornalista é procurado por autoridades americanas devido a 18 acusações criminais, incluindo espionagem relacionada ao vazamento, via Wikileaks, de registros militares e telegramas diplomáticos confidenciais que, de acordo com o governo dos EUA, colocou vidas em perigo.

O WikiLeaks se destacou ao publicar, em 2010, um vídeo de um ataque americano com helicópteros em Bagdá que deixou uma dúzia de mortos, incluindo dois funcionários da agência de notícias Reuters.

Defensores de Assange dizem que ele é perseguido por expor irregularidades nos conflitos americanos no Afeganistão e no Iraque.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do jornalista na sexta. "Que crime Assange cometeu?", questionou o petista em evento partidário em Maceió. "Se ele for para os EUA, extraditado, certamente é prisão perpétua e certamente ele morrerá na cadeia."

"Nós, que estamos aqui falando de democracia, precisaremos perguntar: 'Que crime o Assange cometeu?' É o crime de falar a verdade, mostrar que os EUA, por meio de seu departamento de investigação, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive grampeando a presidenta Dilma Rousseff."

Lula ainda afirmou que Assange denunciou "as falcatruas feitas no país mais importante do planeta" e que o australiano deveria "estar recebendo o Prêmio Nobel, o Oscar de decência e de coragem".

Em 2015, o WikiLeaks divulgou informações confidenciais da Agência Nacional de Segurança dos EUA que revelavam que o governo americano espionava a então presidente Dilma, além de assessores e ministros. Ao todo, 29 telefones de membros e ex-integrantes da gestão petista haviam sido grampeados.

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