Gramado - A produção paulista ''Durval Discos'' ganhou sete dos principais prêmios do 30º Festival de Gramado, entre eles os de melhor filme brasileiro de ficção, direção e roteiro (Anna Muylaert). Levou ainda um carro e R$ 50 mil em dinheiro.
Os prêmios de melhor ator e atriz foram para Alexandre Moreno, de ''Uma Onda no Ar'', e Priscila Rozembaum, de ''Separações'', nomes desconhecidos do grande público. O Prêmio Especial do Júri foi para ''Uma Onda no Ar''. E em decisão no mínimo ousada (e competente), o júri considerou o mexicano ''La Perdición de los Hombres'' o melhor da mostra competitiva de longas latinos e deu ainda o prêmio de direção ao ''maldito'' Arturo Ripstein pelo mesmo filme, contrariando o favoritismo do argentino ''O Filho da Noiva'' (melhor atriz, e melhor longa, segundo os júris da crítica e popular). Com absoluta justiça, ''Edifício Master'', de Eduardo Coutinho, foi eleito o melhor na recém-criada categoria de documentários.
''Como se Morre no Cinema'' foi considerado o melhor curta metragem. Na mesma categoria, o paranaense ''O Encontro'' levou três Kikitos: ator, atriz e música. E Patrícia Selonk, que começou carreira artística em Londrina no grupo Bom-Bom (atual Armazém), foi premiada como melhor atriz pelo trabalho em ''Um Sol Alaranjado'', melhor curta metragem em 16mm.
A cerimônia de premiação, que durou exatas duas horas, lotou o Palácio dos Festivais na noite de sábado. Levada com profissionalismo, a festa de encerramento e entrega dos Kikitos teve como âncoras Marilia Gabriela e José Wilker, discretos e eficientes. Globais como Marcos Palmeira, Letícia Spiller, Luana Piovani, Marisa Orth e Beth Goulart, entre outros, se revezaram na distribuição das estatuetas.
O diretor Roberto Farias abriu a cerimônia lendo a Carta de Gramado, documento que reafirma a importância do momento atual do cinema brasileiro através das gestões do Conselho Nacional do Cinema, que se reuniu em Gramado durante o festival. Além dos Kikitos, foram conferidas outras premiações, como reconhecimento e incentivo, os prêmios Canal Brasil e Cinemark.
A prodigalidade dos jurados foi, para ser elegante, um exagero. Apesar de simpático o filme levou também o prêmio do júri popular , ''Durval Discos'' tem problemas justamente com roteiro e direção, dois entre os itens premiados. A história de dois solitários habitantes do bairro de Pinheiros, mãe e filho donos de uma anacrônica loja de discos subitamente confrontados com a intrusão de uma menina sequestrada, tem momentos inspirados por conta da dupla central de intérpretes (Etty Fraser e Ary França), mas no todo é questionável.
O filme ficou ainda com os Kikitos de melhor fotografia (Jacob Solitrenick) e direção de arte (Ana Mara Abreu). Entre os longas brasileiros de ficção, o maior injustiçado foi ''Dois Perdidos numa Noite Suja'', de José Joffily, um Plínio Marcos transportado com talento e profissionalismo para as ruas de Nova York a interpretação de Débora Falabela foi um dos momentos mais inspirados desse 30º Festival de Gramado - Cinema Brasileiro e Latino.