Covid volta a crescer na Europa, em meio a reabertura
OMS divulgou que o número de novos casos de coronavírus subiu pela primeira vez após 11 semanas consecutivas
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quinta-feira, 01 de julho de 2021
OMS divulgou que o número de novos casos de coronavírus subiu pela primeira vez após 11 semanas consecutivas
Ana Estela de Sousa Pinto - Folhapress
Bruxelas, Bélgica - A tensão entre os que temem uma nova onda de coronavírus na Europa e os que não suportam mais restrições e querem voltar à vida normal ficou evidente nesta quinta (1ª), em anúncios de diferentes entidades e medidas que apontam para direções conflitantes.

A seção europeia da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou que o número de novos casos de coronavírus subiu pela primeira vez após 11 semanas consecutivas de queda. Mas, no mesmo dia em que o diretor regional, Hans Kluge, pediu cautela com o "aumento da mistura, viagens, encontros e diminuição das restrições sociais", passou a valer na União Europeia o certificado digital, que visa facilitar viagens entre os países do bloco.
Discutido desde março pelos 27 membros da UE (União Europeia), o documento deveria abrir as fronteiras internas para todos os cidadãos europeus que cumprirem as condições sanitárias -vacinação completa, recuperação de Covid-19 ou teste negativo para Sars-Cov-2. Mas já começou com exceção e debates.
A Alemanha proíbe a entrada de qualquer um que venha de Portugal, por causa da prevalência da variante delta no país lusitano. A presença de mutantes do coronavírus é um dos "freios de segurança" previstos, mas, segundo a Comissão Europeia, barrar totalmente a entrada extrapola o combinado.
Duas vezes mais contagiosa que o coronavírus original, segundo estimativas, a variante delta já foi detectada em 33 dos 53 países acompanhados pela OMS-Europa e é de fato um dos fatores que pode explicar a virada na média de novos casos.
Em Portugal, por exemplo, a alta de infecções se seguiu à chegada da delta, a partir do momento em que suas portas foram abertas a turistas britânicos, em meados de maio.
O Reino Unido, primeiro país europeu a ser atingido pela linhagem identificada na Índia, não faz parte da lista branca de países dos quais é possível viajar para o bloco justamente por causa desse variante.
Após pressão e bronca pública da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, o governo português voltou atrás e passou a exigir quarentena de 14 dias para britânicos não vacinados.
Espanha e Grécia, porém, continuam aceitando a entrada com um teste negativo para coronavírus, e podem enfrentar problemas no bloco se a variante delta também crescer rapidamente por lá.
O cálculo dos governos para retirar restrições passa pelo fato de que os mais idosos - cuja vida corre mais risco com a Covid-19 - foram praticamente todos vacinados, e os imunizantes se comprovaram capazes de proteger contra hospitalização e morte, o que reduz a pressão sobre os sistemas de saúde. Mas as autoridades de saúde temem que, ao se espalhar rapidamente entre jovens não vacinados, o vírus também chegue com mais facilidade a pessoas vulneráveis.
Kluge diz que a variante delta será dominante nos 53 países da região em agosto - "num momento em que a Europa está praticamente livre de restrições e não completamente vacinada". Segundo ele, isso quer dizer que estarão presentes as três condições para novo excesso de hospitalizações e mortes: "Novas variantes, déficit de imunização e aumento nos contatos sociais. Haverá uma nova onda, a menos que permaneçamos disciplinados".
Além disso, afirma a OMS, quanto mais o coronavírus circular, maior a chance de que ele sofra mutações. As que surgiram até agora são detectáveis pelos testes já existentes e controláveis pelos tratamentos e vacinas, mas, em tese, pode aparecer uma variante que escape das ferramentas que já existem.


Thiago Nassif
Gente
Leia Gente por Thiago Nassif no Jornal Folha de Londrina que desde 1948 informa com ética, qualidade e independência editorial.

