Lisboa - Normalmente guardado sob forte esquema de segurança e longe dos olhos do público, o coração de dom Pedro 1º ganhará uma breve exposição em Portugal. O órgão do antigo monarca, guardado em uma urna de vidro e preservado em formol, poderá ser visitado na igreja da Lapa, no Porto. A exibição será dividida em dois períodos: 20 e 21 de agosto, logo antes do envio da relíquia ao Brasil, e 11 e 12 de setembro, pouco depois do retorno da peça.

O coração do autor do grito do Ipiranga será uma das principais atrações das festas dos 200 anos da independência do Brasil. Por isso, a pedido do governo brasileiro, as autoridades portuguesas concordaram com o empréstimo. Antes de tomar a decisão, a Câmara Municipal do Porto, que tem a palavra final sobre o tema, encomendou uma análise científica para avaliar a viabilidade do translado do coração do antigo rei, que é uma das figuras centrais da história da cidade.

Especialista no tema, o historiador Francisco Ribeiro da Silva afirmou, em entrevista ao jornal “Expresso”, que a exposição do órgão ao público é algo "absolutamente inédito". Devido à fragilidade do material - guardado por quase 188 anos desde a morte de dom Pedro -, o acesso ao coração é bastante restrito.

Para a viagem transatlântica, as autoridades prepararam uma operação especial para garantir a preservação do órgão. O coração deve permanecer 20 dias no Brasil. A viagem de ida está marcada para a noite de 21 de agosto e o retorno, para 9 de setembro.

"O coração do nosso dom Pedro será recebido com honras de chefe de Estado, com salvas de canhão e escoltado pelos Dragões da Independência, ficará fora cerca de 20 dias, mas vai regressar com mais reconhecimento e admiração por parte do povo brasileiro", afirmou o presidente da Câmara do Porto (cargo equivalente ao de prefeito), Rui Moreira.

Conhecido como dom Pedro 4º em Portugal, o monarca determinou em testamento que seu coração permanecesse na cidade do Porto. O gesto foi um reconhecimento da importância do Porto na luta que dom Pedro travou contra as tropas de seu irmão mais novo, dom Miguel, pelo trono de Portugal. Mesmo sitiada por mais de um ano, a cidade resistiu e foi crucial para a vitória de Pedro 1º, que morreria de tuberculose meses após o fim do conflito, em setembro de 1834, aos 35 anos.

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