Com problemas de saúde, Papa celebra Vigília Pascal
Depois de cancelar sua participação na via-crúcis, Papa Francisco celebra uma das cerimônias mais importantes da Semana Santa
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sábado, 30 de março de 2024
Depois de cancelar sua participação na via-crúcis, Papa Francisco celebra uma das cerimônias mais importantes da Semana Santa
Clément Melki/ France Presse
O papa Francisco celebrou a Vigília Pascal, neste sábado (30), na basílica de São Pedro, no Vaticano, atenuando as preocupações com sua saúde frágil, depois do cancelamento de última hora, na véspera, de sua participação na via-crúcis.
O pontífice, de 87 anos, chegou à basílica pouco antes das 19h30 locais (15h30 de Brasília), vestido de branco e em cadeira de rodas, para celebrar esta liturgia de cerca de duas horas, na presença de 6.000 fiéis, antes da missa pascal, na manhã de domingo, e da bênção "Urbi et Orbi" (para a cidade e o mundo).
A basílica permaneceu às escuras antes de ser iluminada por velas, um rito que simboliza a ressurreição de Cristo, segundo a tradição católica. Em seguida, o papa pronunciou uma homilia de dez minutos em italiano, com voz clara.
Durante a liturgia, ele denunciou "os muros do egoísmo e da indiferença" e "todas as aspirações de paz destroçadas pela crueldade do ódio e a barbárie da guerra".
Sua presença havia sido confirmada pelo Vaticano ao meio-dia, apesar do cancelamento na sexta-feira à noite, de última hora, de sua participação na via-crúcis no Coliseu, uma cerimônia que foi celebrada diante de 25.000 pessoas.
"Para preservar sua saúde, na preparação para a vigília de amanhã e a missa do Domingo de Páscoa, o papa Francisco acompanhará a via-crúcis do Coliseu da residência de Santa Marta", anunciou o Vaticano na véspera.
O momento do anúncio - pouco antes do início da cerimônia, o que obrigou os organizadores a retirarem apressadamente a cadeira do papa - e a nota lacônica do Vaticano contribuíram para aumentar as preocupações com a saúde de Jorge Bergoglio.
Neste sábado, a imprensa italiana fez menção ao cancelamento. "A via-crúcis do papa frágil", ressaltou a manchete do jornal La Stampa, enquanto o Il Messaggero mencionou a "renúncia de Francisco".
"Trata-se simplesmente de uma medida de precaução", informou à AFP uma fonte do Vaticano, assegurando que a saúde do papa não suscita "nenhuma preocupação particular".
O pontífice argentino também havia cancelado sua participação na via-crúcis em 2023, mas, no ano passado, a decisão foi adotada depois de uma hospitalização de três dias de Francisco para tratar uma bronquite. E a ausência foi comunicada com antecedência.
AGENDA LOTADA
Pilar central do calendário católico, a Semana Santa, que tem uma série de cerimônias que terminam com o Domingo de Páscoa, pode ser comparada a uma maratona para um octogenário que utiliza uma cadeira de rodas há dois anos.
Nos últimos dias, Francisco cumpriu seus compromissos e presidiu a celebração da Paixão de Cristo durante quase duas horas, na tarde de sexta-feira, antes de cancelar sua presença na via-crúcis.
Mas recentemente pareceu cansado e foi obrigado em diversas ocasiões a delegar a leitura de seus discursos alegando uma bronquite, pela qual foi submetido a exames em um hospital de Roma no final de fevereiro.
Também suspendeu a leitura de sua homilia no Domingo de Ramos, sem dar explicações.
O cancelamento de sexta-feira reacendeu os questionamentos sobre sua capacidade para seguir liderando a Igreja Católica e seus 1,3 bilhão de fiéis.
Apesar de se submeter a uma cirurgia abdominal importante em 2023, Francisco, que nunca tira férias, segue com um ritmo de trabalho intenso no Vaticano, onde pode receber dezenas de interlocutores em apenas uma manhã.
O pontífice, no entanto, não fez nenhuma viagem desde sua visita a Marselha, no sul da França, em setembro e teve que cancelar sua participação na cúpula do clima da ONU, a COP28, em dezembro, em Dubai, também devido a uma bronquite.
Uma viagem anunciada para Ásia e Oceania nos próximos meses, que o Vaticano não formalizou até o momento, parece mais incerta do que nunca. O papa também tem prevista uma viagem a Veneza em 28 de abril.
Francisco sempre deixa a "porta aberta" para uma eventual renúncia, seguindo os passos de seu antecessor, Bento XVI. Mas, em uma autobiografia publicada recentemente, ele reiterou que não tem "motivos sérios" para renunciar ao cargo, uma "hipótese distante" que seria justificada apenas em caso de "grave impedimento físico".